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Albert Einstein 2023-2: Linguagens

Leia a letra da canção “Sintaxe à vontade”, da banda O Teatro Mágico, para responder às questões de 01 a 03.

Sem horas e sem dores

Respeitável público pagão

Todo sujeito é livre para conjugar o verbo que quiser

Todo verbo é livre para ser direto e indireto

Nenhum predicado será prejudicado

Nem tão pouco a frase, nem a crase, nem a vírgula e ponto final!

Afinal, a má gramática da vida nos põe entre pausas, entre

[vírgulas

E estar entre vírgulas pode ser aposto

E eu aposto o oposto

Que vou cativar a todos

Sendo apenas um sujeito simples

Um sujeito e sua oração, sua pressa, sua prece

Que enxerguemos o fato

De termos acessórios para nossa oração

Separados ou adjuntos, nominais ou não

Façamos parte do contexto

Sejamos todas as capas de edição especial

Mas, porém, contudo, entretanto, todavia, não obstante

Sejamos também a contracapa

Porque ser a capa e ser contracapa

É a beleza da contradição

É negar a si mesmo

E negar a si mesmo

É muitas vezes encontrar-se com Deus, com o teu Deus

Sem horas e sem dores

Que nesse momento que cada um se encontra aqui agora

Um possa se encontrar no outro e o outro no um

Até porque

Tem horas que a gente se pergunta

Por que é que não se junta

Tudo numa coisa só?

(letras.mus.br)

01. (Albert Einstein 2023-2) Ao criar o título da canção, “Sintaxe à vontade”, o autor teve a intenção de lhe dar, quando lido em voz alta, mais de um sentido. Essa mesma intenção é verificada em:

  1. “Sem horas e sem dores” (1º verso)
  2. “Que enxerguemos o fato” (13º verso)
  3. “É a beleza da contradição” (21º verso)
  4. “É negar a si mesmo” (22º verso)
  5. “Por que é que não se junta” (30º verso)

02. (Albert Einstein 2023-2) A letra da canção, associada ao seu título, revela que

  1. o eu lírico tem dificuldade no emprego da língua portuguesa e, por isso, utiliza termos da gramática para criticá-la.
  2. a linguagem não se relaciona com a vida, uma vez que os termos associados à gramática foram usados arbitrariamente.
  3. as palavras do campo semântico da gramática foram utilizadas de modo poético, a fim de legitimar as liberdades individuais.
  4. a existência humana é marcada pelo controle, pois as regras do comportamento individual são exatamente iguais às da gramática.
  5. a racionalidade das regras gramaticais nega o propósito do eu lírico de fazer um elogio à religiosidade.

03. (Albert Einstein 2023-2) Em “E eu aposto o oposto” (9º verso) ocorre uma figura de linguagem que também é identificada em:

  1. “Todo verbo é livre para ser direto e indireto” (4º verso)
  2. “Um sujeito e sua oração, sua pressa, sua prece” (12º verso)
  3. “De termos acessórios para nossa oração” (14º verso)
  4. “Sejamos todas as capas de edição especial” (17º verso)
  5. “Um possa se encontrar no outro e o outro no um” (27º verso)

Leia a tirinha de Fernando Gonsales para responder às questões 04 e 05.

Tirinha: Rlac, Rlac, Rlac. Ela não me ouve serrando a gaiola porque é totalmente surda.

04. (Albert Einstein 2023-2) O emprego do termo “irônico”, no 4º quadrinho, revela que o pássaro considera a senhora

  1. debochada.
  2. incoerente.
  3. benevolente.
  4. irreverente.
  5. ingênua.

05. (Albert Einstein 2023-2) Considere o seguinte período do 2º quadrinho:

“Ela não me ouve serrando a gaiola porque é totalmente surda.”

Conservando-se a mensagem da tirinha, ao se inverter a ordem das orações do período, iniciando-o pela parte sublinhada, ele passa a ser articulado pelo termo:

  1. pois.
  2. porém.
  3. embora.
  4. conquanto.
  5. portanto.

06. (Albert Einstein 2023-2) Voltado para o céu e, ao mesmo tempo, sem conseguir desligar-se dos valores terrenos, o homem deste período sente-se em conflito entre a razão e a fé, entre os sentidos e o espírito, tentando encontrar um ponto de união entre essas forças que o atraem.

O homem _____________ vai enfatizar tudo aquilo que é inconsistente, tudo o que muda de aparência, tudo o que está em movimento, pois para ele o mundo é uma coisa dinâmica, em constante mudança.

(Carlos Emílio Faraco e Francisco Marto de Moura.

Literatura Brasileira, 1993. Adaptado.)

A lacuna do texto deve ser preenchida pelo termo

  1. barroco.
  2. romântico.
  3. realista.
  4. naturalista.
  5. parnasiano.

Leia o poema “Casamento”, de Adélia Prado, para responder às questões 07 e 08.

Casamento

Há mulheres que dizem:

Meu marido, se quiser pescar, pesque,

mas que limpe os peixes.

Eu não. A qualquer hora da noite me levanto,

ajudo a escamar, abrir, retalhar e salgar.

É tão bom, só a gente sozinhos na cozinha,

de vez em quando os cotovelos se esbarram,

ele fala coisas como ‘este foi difícil’

‘prateou no ar dando rabanadas’

e faz o gesto com a mão.

O silêncio de quando nos vimos a primeira vez

atravessa a cozinha como um rio profundo.

Por fim, os peixes na travessa,

vamos dormir.

Coisas prateadas espocam:

somos noivo e noiva.

(Italo Moriconi (org.).

Os cem melhores poemas brasileiros do século, 2001.)

07. (Albert Einstein 2023-2) Os versos do poema revelam que o eu lírico

  1. tem um casamento idêntico ao de outras mulheres, pois se recusa a fazer atividades por obrigação.
  2. faz uma crítica ao casamento, ao mostrar que algumas mulheres são silenciadas por maridos abusivos.
  3. diverge de outras mulheres quanto ao casamento, já que deixa as tarefas mais árduas para o marido.
  4. considera o casamento uma parceria, porque as tarefas compartilhadas podem reforçar a relação do casal.
  5. ratifica a opinião de outras mulheres, uma vez que estabelece condições para as vontades do marido.

08. (Albert Einstein 2023-2) Em “Meu marido, se quiser pescar, pesque, / mas que limpe os peixes.” (2º e 3º versos), o trecho sublinhado expressa, em relação à oração que o antecede, ideia de

  1. oposição.
  2. concessão.
  3. finalidade.
  4. consequência.
  5. condição.

Leia o trecho do livro Terra sonâmbula, do escritor moçambicano Mia Couto, para responder às questões 09 e 10.

Muidinga acorda com a primeira claridade. Durante a noite, seu sono se estremunhara. Os escritos de Kindzu lhe começam a ocupar a fantasia. De madrugada até lhe parecera ouvir os tais cabritos embriagados de Taímo. E sorri, ao se lembrar. O velho ainda ressona. O miúdo se espreguiça ao sair do machimbombo¹. O cacimbo² é tão cheio que mal se enxerga. A corda do cabrito permanece atada aos ramos da árvore. Muidinga puxa por ela para trazer o bicho às vistas. Então, sente que a corda está solta. O cabrito fugira? Mas, se assim tinha sido, qual a razão daquele vermelho tintando o laço?

— Tio, tio! Comeram o cabrito!

O velho sai aos desengonços, tropernando pelas escadas do machimbombo. Primeiro, fica parado, perplexo, a digerir névoas. Depois vai pilando raivas, mãos à cabeça, espicaçador.

[…]

Grita com superiores ganas de rachar o mundo. Segura a ponta da corda, sacode-a perante o nariz. Muidinga se admira de tais fúrias. Que lamentava o velho assim tão espalhafarto?

— Deve ter sido uma hiena, tio...

O velho, ríspido, agarra a cabeça do rapaz e lhe esfrega a corda no rosto.

— Veja essa corda, satanhoco³. Veja!

O pobre miúdo nem que quisesse. A mão do velho lhe alicateia o pescoço, dobrando seu fraturável corpo sobre os infernos. Me largue, tio. É a súplica que ele consegue, já tombado nos joelhos.

— Veja aqui, grita Tuahir. Cortaram essa corda com faca!

Muidinga se arrepinha. Quem estivera ali com tais laminosas intenções? Agora ele entende a fúria do velho. Um cabrito atado só servia para agarrar os olhos dos passeantes.

(Terra sonâmbula, 2007.)

¹ machimbombo: ônibus.

² cacimbo: neblina.

³ satanhoco: sacana.

09. (Albert Einstein 2023-2) Assim como João Guimarães Rosa, Mia Couto emprega neologismos em suas obras. No trecho “O velho sai aos desengonços, tropernando pelas escadas do machimbombo.” (3º parágrafo), o termo sublinhado foi formado pela junção das palavras “tropeçando” e “perna”.

O mesmo processo de junção foi utilizado para a criação do termo

  1. “claridade” (1º parágrafo)
  2. “espreguiça” (1º parágrafo)
  3. “espalhafarto” (4º parágrafo)
  4. “fraturável” (8º parágrafo)
  5. “laminosas” (10º parágrafo)

10. (Albert Einstein 2023-2) “Me largue, tio. É a súplica que ele consegue, já tombado nos joelhos.” (8º parágrafo)

Ao se transpor a fala sublinhada para o discurso indireto, o trecho assume a forma:

  1. Ele pedia que o tio o largava.
  2. Ele pedira que o tio o largasse.
  3. Ele pede que o tio o largue.
  4. Ele pede que o tio o largou.
  5. Ele pediu que o tio o largue.

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