CEDERJ 2021-2: Português e Literatura
Texto I
A diferença entre ciência e fé é a seguinte: em ciência, a gente tem que ver para crer. Você observa a natureza, você observa o mundo, obtém dados sobre como o mundo funciona, analisa esses dados e entende. Pela fé, você crê para ver. A crença vem antes da visão. Você acredita naquilo, nem precisa ver nada, acredita naquilo e esse, essencialmente, é o cerne da fé, que é uma outra maneira de se relacionar com a realidade, muito diferente da ciência.
Infelizmente, hoje em dia, parece que essa questão está novamente a mil com a chamada ‘guerra’ entre a ciência e a religião. Na verdade, essa é uma guerra fabricada, porque, por exemplo, se você pergunta aos cientistas, mais ou menos 40% deles, ao menos nos Estados Unidos — não sei se existe essa estatística no Brasil, talvez seja até maior aqui —, acreditam em alguma forma de divindade, de Deus.
(...)
Para esses cientistas, existe um compromisso, uma complementaridade entre o seu trabalho e a sua fé. Não existe nenhum problema nesse caso. Mas, infelizmente, existe conflito em outras situações.
(...)
A criança aprende numa aula que houve toda uma evolução da vida, os fósseis etc., 3,5 bilhões de anos de evolução da vida aqui na Terra enquanto, na outra aula, o professor diz que não. Que em seis dias Deus fez o mundo, que nós somos todos descendentes de Adão e Eva e o mundo tem apenas dez mil anos.
Note que a proposta é que isso seja ensinado em pé de igualdade. São duas versões da mesma história e nenhuma é melhor do que a outra. Mas são, sim, duas histórias muito diferentes, com um objetivo muito diferente. Então, a questão é como é construída a informação na ciência.
(...) Não existe a possibilidade de um cientista afirmar: eu acho que esse pedaço de osso aqui tem três milhões de anos. Você sabe que tem três milhões de anos, com grande precisão.
(...)
Disponível em https://www.fronteiras.com/artigos/21-ideias-marcelo-gleiser-ea-complementaridade-entre-religiao-e-ciencia - adaptado. Acesso em: 05 de maio de 2021.
01. (CEDERJ 2021) O texto I estabelece uma relação entre ciência e religião. De acordo com o autor, é possível afirmar que tanto a ciência quanto a religião são
- visões numéricas, logo precisam ser respeitadas.
- pontos de vista equivalentes, portanto, indiscutíveis.
- olhares distintos, porém sem o aspecto belicoso.
- noções inviáveis como teorias universais, mas importantes.
02. (CEDERJ 2021) “A criança aprende numa aula que houve toda uma evolução da vida, os fósseis etc., 3,5 bilhões de anos de evolução da vida aqui na Terra enquanto, na outra aula, o professor diz que não.”
O fragmento em destaque sinaliza uma estratégia argumentativa com base em
- adição
- exemplo
- estatística
- autoridade
03. (CEDERJ 2021) “Você sabe que tem três milhões de anos, com grande precisão.”
No fragmento em destaque, assim como em outras passagens do texto I, percebe-se o uso do “você”.
O objetivo do uso desse pronome de tratamento é
- estabelecer uma aproximação maior com o leitor, de modo a fazer com que haja uma sensação de interação no texto.
- definir uma participação obrigatória do leitor, a fim de que ele construa uma opinião sobre o fato em discussão e se expresse.
- determinar uma relação de lugar de fala ao leitor que, por sua vez, se sente comprometido com o debate em foco.
- eleger o leitor como referência entre o enunciador e a mensagem pretendida, para que ele possa mediar o debate e opinar.
04. (CEDERJ 2021) O texto I é um artigo de opinião de natureza jornalística. Dessa forma, é possível afirmar que a função da linguagem predominante no texto é a
- emotiva.
- referencial.
- metalinguística.
- fática.
05. (CEDERJ 2021) “Ano passado eu morri
Mas esse ano eu não morro.”
A relação entre os versos destacados do texto II, com base na presença da conjunção “mas”, define um valor semântico de
- oposição.
- adição.
- consequência.
- tempo.
06. (CEDERJ 2021) “Me sinto são, e salvo, e forte.”
No verso em destaque, percebe-se a repetição da conjunção “e”.
Tal recurso linguístico tem uma função dentro do texto II, que se traduz como o objetivo de se
- convencer o leitor sobre a negligência do eu lírico, ainda que o texto demonstre o contrário.
- promover autoconfiança por parte do coenunciador, apesar do contexto em discussão.
- impor as características do coenunciador, embora o quadro não valorize esses aspectos sentimentais.
- reforçar as sensações do eu lírico, mesmo que o contexto traga à tona muitas dificuldades