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ESPM 2022.2: Português

Texto para as questões de 1 a 3.

A Raiz da Corrupção

O tema da corrupção e de seu suposto combate volta à pauta com intensidade de tempos em tempos e deverá ser recorrente neste ano eleitoral. Ainda que debater a corrupção seja de extrema importância, é essencial que façamos, enquanto sociedade, uma discussão atualizada e realista de suas implicações e que saibamos identificar onde ela de fato reside.

Antes, é preciso dizer que a corrupção é um fenômeno milenarmente presente na vida social. Surge com o sentido atual que conhecemos, de apropriação privada de patrimônio público, a partir da modernidade, quando o patrimônio do soberano, que se confundia com o Estado, deixa de existir, e o patrimônio do Estado passa a ser visto como propriedade pública.

No campo teórico, a corrupção não é só um conceito jurídico e penal, mas também uma ideia que pertence ao âmbito filosófico-político e de Justiça. Trata-se de uma iniquidade no plano moral e político porque destrói a capacidade de investimento no serviço público. Na atualidade, o enfrentamento à corrupção é quase sempre associado à ideia de combate, e não de controle. A suposta guerra contra a corrupção é meramente retórica, pois o Estado não pode entrar em guerra contra seus próprios cidadãos.

A história mostra que as tentativas de controle da corrupção por parte do Estado, valendo-se de seus aparelhos de investigação, capturam hoje a corrupção de ontem. Os grandes agentes de corrupção sistêmica são pegos quando não têm mais força relevante nos sistemas político e econômico. A Lava Jato, que levou essa ideia de combate à corrupção ao ápice, com todos os seus abusos, fisgou corrupções praticadas por empreiteiros num momento em que estes não tinham mais tanto relevo na economia e na política.

Pouco se fala, mas a principal fonte das práticas corruptas hoje, no mundo inteiro, é o mercado financeiro. A corrupção, não no sentido jurídico-penal, mas como iniquidade moral, espraia-se por esse ambiente de formas menos evidentes do que a corrupção da obra superfaturada. (...)

(Pedro Serrano, revista Carta Capital, 9 de fevereiro de 2022, p.31)

01. (ESPM 2022) Segundo o texto, pode-se afirmar que:

  1. A corrupção, que é um fenômeno que sempre existiu ao longo da história das sociedades humanas, manteve seu conceito original inalterado.
  2. A corrupção, em um país, não só se torna intensa como também inevitável, sobretudo em ano eleitoral.
  3. Os mecanismos de controle e combate à corrupção têm sua eficácia questionada, pois acabam ocorrendo de forma anacrônica em relação ao fato de origem.
  4. O crime organizado, em todas as partes do mundo, mudou seu foco e campo de atuação, passando a agir de modo mais sistêmico.
  5. O combate à corrupção vira um ato de fachada, na medida em que o Estado não possui força político-econômica para fazer frente ao crime.

02. (ESPM 2022) No trecho inicial: “O tema da corrupção e de seu suposto combate volta à pauta com intensidade de tempos em tempos e deverá ser recorrente neste ano eleitoral.”, o segmento sublinhado exerce a mesma função sintática da expressão:

  1. “de tempos em tempos” (1º par.)
  2. “uma discussão atualizada e realista de suas implicações” (1º par.)
  3. “um fenômeno milenarmente presente” (2º par.)
  4. “o patrimônio do soberano” (2º par.)
  5. “com o Estado”(2º par.)

03. (ESPM 2022) Na frase: “Ainda que debater a corrupção seja de extrema importância,...”(1º par.), o elemento coesivo em negrito pode ser substituído, sem prejuízo semântico, por:

  1. Uma vez que, por traduzir ideia de causa.
  2. Todavia, por estabelecer ideia de adversidade.
  3. À medida que, por estabelecer ideia de proporcionalidade.
  4. Desde que, por estabelecer ideia de condição.
  5. Mesmo que, por estabelecer ideias opostas coexistentes.

04. (ESPM 2022) As frases abaixo, exceto uma, possuem ambiguidade (que se desfaz com aquilo que é chamado de "conhecimento de mundo").

Assinale a única que NÃO permite dupla leitura:

  1. Polícia dos EUA analisa denúncias de crime sexual contra Silvester Stallone.
  2. Barroso suspende decisão que restringiu proteção da Funai a terras indígenas homologadas.
  3. Donald Trump admitiu derrota e fala em fraude nas redes sociais.
  4. A acusação de envolvimento no caso “partygate” foi o motivo para o pedido de demissão de Munira Mirza, chefe de política do governo Boris Johnson.
  5. A convocação de Tite e a escalação de Felipe Coutinho tinham sido questionadas

05. (ESPM 2022) ESPM 2022.2: Português

O cartaz acima tem como principal objetivo:

  1. suprir uma deficiência, da sociedade brasileira em geral, no conhecimento de vocabulário da língua portuguesa.
  2. criticar o sistema educacional brasileiro por não oferecer à população um repertório lexical mais abrangente.
  3. contribuir para o aperfeiçoamento da cidadania ao proporcionar a ampliação de um vocabulário culto.
  4. alertar sobre a existência de uma visão de mundo ou ideologia discriminatória quando no emprego de determinadas palavras ou expressões.
  5. divulgar, para todos os cidadãos, as múltiplas possibilidades das variantes linguísticas brasileiras contidas no dicionário da cidadania.

06. (ESPM 2022) Ainda no cartaz acima, pode-se afirmar que está em destaque a função:

  1. metalínguística, por explorar a carga semântica de um vocábulo.
  2. conativa, por empregar verbos no imperativo.
  3. referencial, por informar ao público a existência de um dicionário.
  4. fática, por tentar estabelecer contato com um público específico.
  5. poética, por escolher um vocabulário mais condizente para determinada situação.

07. (ESPM 2022) (...) Contudo, toda leitura deve presumir um mergulho profundo na torrente de palavras e expressões que se nos apresentam, bem como um olhar atento para as intenções que se escondem por trás da aparente neutralidade das palavras. Mesmo falando sobre isso a partir de um recorte estético, o poeta Carlos Drummond de Andrade nos alerta para a necessidade de contemplarmos as palavras, a fim de que observemos suas mil faces secretas.

Neste sentido, o leitor – e particularmente os alunos – se assemelha mais a um caçador (de sentidos, de ideias, de intenções escusas) do que o mero consumidor de um produto supostamente inofensivo e isento de mistérios – o texto.

(Orasir Guilherme Teche Cális, As Mil Faces da

Leitura, revista Língua Portuguesa e Literatura, 17/12/2021,

p.26, adaptado)

Sobre o trecho acima só NÃO se pode afirmar que:

  1. a leitura de um texto pressupõe não se ater à superfície das palavras, mas sim buscar subentendidos ou seus significados de entrelinhas.
  2. o procedimento da leitura deve reconhecer a multiplicidade de significações que as palavras ganham num texto.
  3. a leitura, para identificar as intenções ocultas do texto, precisa levar em conta sobretudo o sentido neutro das palavras em estado de dicionário.
  4. uma leitura deve perseguir a diversidade semântica e as intenções das palavras e expressões.
  5. o trecho opõe, dentre outras, a leitura conotativa (“mil faces secretas”) à leitura denotativa (“neutralidade”).

Texto para as questões de 8 a 10:

O Encanto Místico da Petrobras

A visão de que a Petrobras deve estar sob o controle do governo está entranhada na maioria da sociedade brasileira. Trata-se da associação entre um nacionalismo ultrapassado e a ideia equivocada de que o petróleo é um bem estratégico para o desenvolvimento. Ignora-se que a riqueza vem hoje essencialmente da produtividade.

Cerca de 80% do crescimento da economia americana no pós-guerra se explica por ganhos de produtividade, e não pela abundante disponibilidade de petróleo de então. No Brasil, 94% da expansão da agropecuária nas últimas décadas tem origem na produtividade, e não na extensão de nossas terras.

Assim, apesar do monopólio estatal do petróleo, o crescimento do Brasil tem sido medíocre. Isso se deve à queda da produtividade, decorrente de fatores como a baixa qualidade da educação, insegurança jurídica, o caos do sistema tributário, os riscos fiscais e deficiências da infraestrutura. (...)

A Petrobras inspira, por isso, um encanto místico em líderes e pensadores. (...)

Privatizá-la seria ação lesa-pátria. Por ser estatal, ela deveria exercer um papel social, praticando preços dissociados das cotações internacionais do petróleo. Ou seja, deveria quebrar.

É forte entre nós a oposição à privatização da empresa. Despreza-se que estatais servem para suprir falhas de mercado enquanto o setor privado não tem o apetite nem os recursos para assumir suas funções naturais no sistema capitalista. (...)

Nenhum dos sete países mais ricos do mundo detém o controle de petrolíferas.

(Maílson da Nóbrega, revista Veja, 03/03/2022, adaptado)

08. (ESPM 2022) Segundo o autor:

  1. A Petrobras está ainda sob controle estatal, porque existe uma opinião da maioria da sociedade brasileira favorável a esse posicionamento.
  2. O petróleo é um bem de produção importante para o desenvolvimento econômico de um país.
  3. O crescimento econômico do Brasil só se tornou possível com a expansão agropecuária.
  4. No pós-guerra, a sociedade brasileira passou a ignorar que a riqueza de uma nação provém da produtividade.
  5. Impostos, deficiências de educação, de segurança jurídica, de infraestrutura afetam negativamente a produtividade e, por consequência, o crescimento brasileiro.

09. (ESPM 2022) Na visão do autor:

  1. a privatização da Petrobras seria altamente prejudicial ao país.
  2. a Petrobras deveria ter um papel social, desvinculando o preço interno do petróleo em relação aos preços externos.
  3. é preferível deixar quebrar a Petrobras a continuar estatizada.
  4. um país para ser rico deve deter o controle de petrolíferas.
  5. uma estatal possui a função (temporária) de desenvolver e corrigir mercados, não justificando, deduz-se, uma existência permanente.

10. (ESPM 2022) Considerando-se os elementos constitutivos do texto, pode-se afirmar que se trata de um(a):

  1. crônica, por tomar por base um acontecimento e adotar um tom confessional, meio-termo entre jornalismo e literatura.
  2. artigo de opinião, por fazer uma análise crítica e interpretativa, em 1ª pessoa, de um tema de interesse coletivo.
  3. editorial, por expressar ponto de vista sobre um assunto do cotidiano, segundo o posicionamento da revista.
  4. reportagem, por relatar fatos e acontecimentos atuais da realidade econômica brasileira.
  5. narração, por defender uma tese e apoiar-se, na argumentação, em dados estatísticos e em citação de autoridade.

Texto para as questões 11 e 12:

Solitário em seu mesmo quarto

à vista da luz do candeeiro porfia

o poeta pensamentar exemplos

de seu amor na borboleta

Ó tu do meu amor fiel traslado

Mariposa entre as chamas consumida,

Pois se à força do ardor perdes a vida,

A violência do fogo me há prostrado.

Tu de amante o teu fim hás encontrado,

Essa flama girando apetecida;

Eu girando uma penha endurecida,

No fogo que exalou, morro abrasado.

Ambos, de firmes, anelando chamas,

Tu a vida deixas, eu a morte imploro

Nas constâncias iguais, iguais nas chamas.

Mas ai!, que a diferença entre nós choro;

Pois acabando tu ao fogo, que amas,

Eu morro, sem chegar à luz, que adoro.

(Gregório de Matos)

11. (ESPM 2022) Releia o poema e assinale a única afirmação INCORRETA:

  1. Na primeira estrofe, o eu poético estabelece uma comparação entre a situação real de uma mariposa, que se consome no fogo de uma chama, e a sua situação amorosa, expressa pelo ardor violento das paixões.
  2. A expressão “força do ardor”, atribuída à situação da mariposa, pode ser entendida em sentido real; enquanto “a violência do fogo”, relacionada aos sentimentos do eu lírico, apresenta-se de forma conotativa.
  3. Na segunda estrofe, as expressões “apetecida” e “penha endurecida”, referem-se, respectivamente, à mariposa atraída pela flama e à figura feminina que, supostamente, não corresponde aos desejos do eu poético.
  4. A terceira estrofe confirma a similaridade das situações apresentadas: tanto a mariposa como o poeta são persistentes e famosos, por isso encontram um fim idêntico: morrem sem se aproximar da luz que os atrai.
  5. Na última estrofe, o poeta lamenta a diferença entre a situação de sua morte e a da morte da mariposa: esta morre por aproximar-se da chama; ele se consome sem atingir aquela a quem adora e chama de luz.

12. (ESPM 2022) Pode-se afirmar, CORRETAMENTE, que o poema de Gregório de Matos:

  1. desenvolve apenas o aspecto cultista do Barroco ao voltar-se para as perspectivas sensíveis, valendo-se de linguagem figurada como antíteses, paradoxos e sinestesias, figuras confirmadas nos dois últimos versos.
  2. apresenta um raciocínio pautado no silogismo, essencialmente conceptista, pois se detém a uma análise íntima e argumentativa, em que o raciocínio lógico predomina sobre os aspectos lúdicos e imagéticos.
  3. expõe aspectos evidentes do estilo cultista como as metáforas (“fogo” para o amor; “penha” e “luz” para a amada), hipérboles e hipérbatos; entretanto, devido ao desenvolvimento engenhoso, evidencia-se também um exercício intelectual típico do Conceptismo.
  4. não apresenta influências do Cultismo, de Gôngora; ou do Conceptismo, de Quevedo. É um típico poema de estilo clássico, em que o equilíbrio e a serenidade permeiam a forma (soneto) e o conteúdo (amor platônico).
  5. antecipa as características do estilo árcade neoclássico, já que valoriza o Conceptismo nas construções sintáticas; bem como apresenta um tema bucólico antecipado no longo título do poema.

Leia:

Nós tivemos no Brasil um movimento espiritual (não falo apenas escola de arte) que foi absolutamente “necessário”, o Romantismo. (...) Me refiro ao “espírito” romântico, ao espírito revolucionário romântico. (...)

Este espírito preparou o estado revolucionário de que resultou a independência política, e teve como padrão briguento a primeira tentativa de língua brasileira.

O espírito revolucionário modernista, tão necessário como o romântico, preparou o estado revolucionário de 1930 em diante, e também teve como padrão barulhento a segunda tentativa de nacionalização da linguagem.

A similaridade é muito forte.

Mário de Andrade, O Movimento Modernista (artigos

originalmente publicados no jornal O Estado de S. Paulo)

13. (ESPM 2022) As considerações de Mário de Andrade, denominadas de “primeira tentativa de língua brasileira” e de “segunda tentativa de nacionalização da linguagem” podem ser ilustradas, respectivamente, pelas seguintes obras:

  1. Lira dos Vinte Anos, de Álvares de Azevedo; Quincas Borba, de Machado de Assis.
  2. Navio Negreiro, de Castro Alves; Vidas Secas, de Graciliano Ramos.
  3. Iracema, de José de Alencar; Macunaíma, de Mário de Andrade.
  4. Senhora, de José de Alencar; Contos Novos, de Mário de Andrade.
  5. O Guarani, de José de Alencar; Capitães da Areia, de Jorge Amado.

14. (ESPM 2022) Fatmé saiu, recuando; o festivo Pote reclinou-se entre nós, abrindo a sua bolsa perfumada de tabaco de Alepo. Então, uma portinha branca, sumida no muro caiado, rangeu a um canto, de leve; e uma figura entrou, velada, vaga, vaporosa.

Amplos calções turcos de seda carmesim tufavam com languidez, desde a sua cinta ondeante até aos tornozelos, onde franziam, fixos por uma liga de ouro; os seus pezinhos mal pousavam, alvos e alados, nos chinelos de marroquim amarelo; e através do véu de gaze que lhe enrodilhava a cabeça, o peito e os braços, brilhavam recamos de ouro, centelhas de joias, e as duas estrelas negras dos seus olhos.

(A Relíquia, de Eça de Queirós)

Para compor a sua descrição, o narrador fez uso, principalmente, dos cinco sentidos. Assinale a única passagem em que NÃO está presente esse recurso:

  1. "bolsa perfumada de tabaco de Alepo, ..."
  2. "portinha branca, (...), rangeu a um canto, de leve;"
  3. "os seus pezinhos mal pousavam, ..."
  4. "nos chinelos de marroquim amarelo(...)"
  5. "e as duas estrelas negras dos seus olhos."

ESPM 2022.2: Português

Autobiografia sem fatos

(Fragmento do trecho 171)

Uma só coisa me maravilha mais do que a estupidez com que a maioria dos homens vive a sua vida: é a inteligência que há nessa estupidez.

A monotonia das vidas vulgares é, aparentemente, pavorosa. Estou almoçando neste restaurante vulgar, e olho, para além do balcão, para a figura do cozinheiro, e, aqui ao pé de mim, para o criado já velho que me serve, como há trinta anos, creio, serve nesta casa.

Que vidas são as destes homens? Há quarenta anos que aquela figura de homem vive quase todo o dia numa cozinha; tem umas breves folgas; dorme relativamente poucas horas; vai de vez em quando à terra, de onde volta sem hesitação e sem pena; armazena lentamente dinheiro lento, que se não propõe gastar; adoeceria se tivesse que retirar-se da sua cozinha (definitivamente) para os campos que comprou na Galiza; está em Lisboa há quarenta anos e nunca foi sequer à Rotunda, nem a um teatro, e há um só dia de Coliseu - palhaços nos vestígios interiores da sua vida.

Casou não sei como nem porquê, tem quatro filhos e uma filha, e o seu sorriso, ao debruçar-se de lá do balcão em direção a onde eu estou, exprime uma grande, uma solene, uma contente felicidade. E ele não disfarça, nem [há] razão para que disfarce. Se a sente é porque verdadeiramente a tem.

E o criado velho que me serve, e que acaba de depor ante mim o que deve ser o milionésimo café da sua deposição de café em mesas? Tem a mesma vida que a do cozinheiro, apenas com a diferença de quatro ou cinco metros - os que distam da localização de um na cozinha para a localização do outro na parte de fora da casa de pasto. No resto, tem dois filhos apenas, vai mais vezes à Galiza, já viu mais Lisboa que o outro, e conhece o Porto, onde esteve quatro anos, e é igualmente feliz.

(PESSOA, Fernando. Livro do Desassossego: composto

por Bernardo Soares, ajudante de guarda-livros na cidade de Lisboa.

Organização e introdução de Richard

Zenith. São Paulo: Companhia das Letras, 2002.)

15. (ESPM 2022) Segundo o texto:

  1. o criado velho que serve café é, certamente, mais feliz do que o cozinheiro, já que aquele tem menos filhos do que este, vai mais vezes à Galiza, conhece melhor Lisboa e já esteve em Porto quatro vezes.
  2. mesmo tendo breves folgas e dormindo pouco, o cozinheiro não disfarça sua felicidade, que verdadeiramente a tem, uma vez que consegue armazenar lentamente seu dinheiro.
  3. uma vida vulgar se torna monótona, sobretudo para quem substitui o lazer e os prazeres culturais pelo trabalho repetitivo.
  4. o encantamento do autor dá-se não somente pela estupidez das vidas vulgares, mas, principalmente, pela inteligência que diz reconhecer nesse estado de espírito da maioria dos homens.
  5. os homens passam a ter uma existência medíocre, pois deixam de desfrutar os momentos felizes, em função do trabalho excessivo e da busca do acúmulo de bens.

16. (ESPM 2022) No texto, todas as ocorrências de numerais apresentam sentido denotativo, com exceção da passagem:

  1. Uma só coisa me maravilha mais do que a estupidez com que a maioria dos homens vive a sua vida: é a inteligência que há nessa estupidez.
  2. quarenta anos que aquela figura de homem vive quase todo o dia numa cozinha.
  3. (...) E o criado velho que me serve, e que acaba de depor ante mim o que deve ser o milionésimo café da sua deposição de café em mesas?
  4. (...) Tem a mesma vida que a do cozinheiro, apenas com a diferença de quatro ou cinco metros – (...).
  5. (...) No resto, tem dois filhos apenas, vai mais vezes à Galiza, já viu mais Lisboa que o outro, e conhece o Porto, onde esteve quatro anos (...).

17. (ESPM 2022) Na afirmação: “armazena lentamente dinheiro lento”, pode-se compreender pelo contexto do trecho que

  1. o cozinheiro guarda com desconfiança e impaciência o dinheiro que demora a juntar.
  2. o cozinheiro é vagaroso para obter dinheiro porque também não tem pressa ao executar o seu trabalho.
  3. o cozinheiro demora para guardar o dinheiro porque, aos poucos, vai lucrando e investindo em seu restaurante.
  4. o lucro do cozinheiro é insignificante, por isso não consegue armazenar sua renda de forma rápida.
  5. a sovinice do cozinheiro impede-lhe de gastar o dinheiro que armazena calculadamente

18. (ESPM 2022) No segundo período, do último parágrafo, lê-se: os que distam da localização de um na cozinha para a localização do outro na parte de fora da casa de pasto.

Quanto à ocorrência de figuras de linguagem, assinale a correta:

  1. Pode-se constatar a figura denominada antítese, se comparadas as expressões: “um” e ”outro”; “na cozinha” e “na parte de fora da casa”.
  2. Ocorre prosopopeia na passagem: “na parte de fora da casa de pasto”.
  3. A sinédoque fica evidente quando uma parte, “cozinha”, passa a ser utilizada para referir-se ao todo, “a casa de pasto”.
  4. A expressão “os que distam” pode ser considerada metafórica, pois substitui, alegoricamente, a expressão “quatro ou cinco metros”, citada anteriormente.
  5. Há ocorrência de pleonasmo vicioso na repetição desnecessária do termo “localização”.

Leia a seguir um trecho do artigo Paranoia ou Mistificação?, de Monteiro Lobato, a respeito de um quadro de Anita Malfatti, exposto em uma mostra de 1917.

Há duas espécies de artistas. Uma composta dos que veem as coisas e em consequência fazem arte pura, guardados os eternos ritmos da vida, e adotados, para a concretização das emoções estéticas, os processos clássicos dos grandes mestres.

(...) A outra espécie é formada dos que veem anormalmente a natureza e a interpretam à luz das teorias efêmeras, sob a sugestão estrábica das escolas rebeldes, surgidas cá e lá como furúnculos da cultura excessiva. (...) onde se notam acentuadamente tendências para uma atitude estética forçada no sentido das extravagâncias de Picasso & Cia. ESPM 2022.2: Português

(A estudante, 1915. Anita Malfatti)

19. (ESPM 2022) Fica evidente no artigo do escritor Monteiro Lobato que ele:

  1. Considerava que os quadros de Malfatti eram resultados de “arte pura”, que guardavam “os eternos ritmos da vida”.
  2. Compreendia a arte expressionista como uma forma de “concretização das emoções estéticas”.
  3. Comparava a pintura da modernista aos processos clássicos dos grandes mestres internacionais das artes plásticas.
  4. Criticava Malfatti por considerá-la influenciada por tendências ”efêmeras” e “rebeldes”, com estilo forçado.
  5. Percebia na artista uma espécie de rebeldia positiva, herdada das “extravagâncias de Picasso & Cia”.

20. (ESPM 2022) Segundo Antônio Cândido, a expressão-limite de um dos aspectos fundamentais da arte poética de Drummond é “a violência – que partindo do prosaísmo e anedótico nos primeiros livros, acentua-se ao ponto de exteriorizar a compulsão interna, num verdadeiro choque contra o leitor...”

Levando-se em conta o texto, assinale a única alternativa cujos versos NÃO se referem ao aspecto observado por Cândido:

  1. Não deixarei de mim nenhum canto radioso, / uma voz matinal palpitando na bruma /e que arranque de alguém seu mais secreto espinho. (“Legado”).
  2. Que me quer este perfume?/ Nem sequer lhe sei o nome./ Sei que me invade a narina/ como incenso de novena. (“Tempo e Olfato”).
  3. Eu plantei um pé-de-sono,/ brotaram vinte roseiras. Se me cortei nelas todas/ (...) não foi culpa de ninguém. (“Cantiga de enganar”).
  4. Esse meu verbo antipático e impuro/ Há de pungir, há de fazer sofrer,/ Tendão de vênus sob o pedicuro. (“Oficina Irritada”).
  5. Aos navios que regressam/ marcados de negra viagem, / aos homens que neles voltam/ com cicatrizes no corpo/ ou de corpo mutilado, peço notícias de Espanha. (“Notícias de Espanha”)

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