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FMJ 2024: História

31. (FMJ 2024) A monarquia arcaica foi dominada por uma nobreza no período mais antigo de sua existência, ao final do século VI a.C. [...]. Mas, daí em diante, ao contrário das cidades gregas, Roma jamais conheceu a transformação social de um governo despótico, que quebrasse a dominação aristocrática e conduzisse a uma subsequente democratização da cidade, baseada em uma firme agricultura média ou pequena.

Em vez disso, a nobreza hereditária manteve seu poder sólido baseado em uma constituição cívica extremamente complexa, que passou por importantes modificações populares no decorrer de uma prolongada luta social violenta dentro da cidade, mas que nunca foi abolida ou substituída.

(Perry Anderson. Passagens da Antiguidade ao Feudalismo, 1991.)

A partir do excerto, que se refere à passagem da Monarquia à República na Roma Antiga, afirma-se que na República romana houve uma

  1. manutenção das formas políticas monárquicas.
  2. superação do regime político democrático.
  3. preponderância patrícia na política.
  4. ausência de participação plebeia na vida civil.
  5. divisão censitária inclusiva dos poderes políticos.

32. (FMJ 2024) Se os prisioneiros podiam pagar e, além disso, eram membros da mesma classe do vitorioso, exercia-se certo grau de contenção. Mas, os outros? Conservá-los vivos significava alimentá-los. Devolvê-los significava aumentar a riqueza e o poder de luta do inimigo.

[...] De modo que os prisioneiros eram mortos ou devolvidos tão mutilados que não prestava mais para serviço da guerra ou trabalho.

O mesmo se aplicava à destruição de campos plantados, entupimento de poços e abate de árvores. Em uma sociedade predominantemente agrária, na qual as posses fixas representavam a maior parte da propriedade, isto também servia para enfraquecer o inimigo.

(Norbert Elias. O processo civilizador, 1994.)

A partir do excerto, depreende-se que a violência na Idade Média

  1. apresentava uma função social.
  2. expunha a irracionalidade humana.
  3. aplicava a todos os mesmos critérios de justiça.
  4. ostentava o poder da religião.
  5. propagandeava a dignidade pessoal.

33. (FMJ 2024) A imagem retrata a coroação de Carlos VII em Reims, na França, no ano de 1429. No contexto da Guerra dos Cem Anos (1337-1453), o episódio

  1. significou a fragmentação política do Estado nacional francês.
  2. implicou a aceitação do cristianismo como religião oficial na França.
  3. permitiu o fim das desavenças territoriais entre França e Inglaterra.
  4. conferiu maior legitimidade à centralização do poder real francês.
  5. representou a submissão da hierarquia católica à monarquia nacional francesa.

34. (FMJ 2024) Como foi possível que impérios tão poderosos como o dos astecas e o dos incas tenham sido destruídos por umas poucas centenas de espanhóis? Sem dúvida, os invasores tinham a vantagem de possuir melhores armas [...]. Mas essa superioridade técnica parece ter tido importância limitada: os espanhóis tinham poucas armas de fogo na época da conquista [...]; seu impacto no início foi, como o dos cavalos, acima de tudo psicológico.

(Nathan Wachtel. “Os índios e a conquista espanhola”. In: Leslie Bethell

(org.). História da América Latina: A América Latina Colonial, 1997.)

Entre as razões que ajudam a responder à pergunta do historiador destaca-se

  1. a existência de divisões políticas no mundo indígena antes da chegada europeia.
  2. a crença inequívoca entre os indígenas sobre a divindade dos europeus.
  3. a percepção europeia sobre o costume da rotatividade das lideranças indígenas.
  4. a divisão das terras indígenas em vice-reinos realizada pelos europeus.
  5. a prática europeia da difusão do cristianismo entre os indígenas.

35. (FMJ 2024) [...] Cláudio Manuel da Costa e o Cônego Luís Vieira eram homens “que tinham ascendência sobre os espíritos dos Povos” [...]. A missão deles era a de elaborar as leis e a constituição do novo Estado, articulando a justificativa ideológica do rompimento com Portugal. [...] A biblioteca do Cônego Vieira contava com [...] a Encyclopédie e as obras de Bielfed, Voltaire e Condillac. Cláudio Manuel da Costa era tido por tradutor da Riqueza das Nações de Adam Smith.

(Kenneth R. Maxwell. A Devassa da devassa:

a Inconfidência Mineira, Brasil – Portugal, 1750-1808, 2001.)

As bibliotecas dos inconfidentes demonstram que a Inconfidência Mineira (1789) se inspirava em algumas ideias em voga ao final do século XVIII, como

  1. a igualdade jurídica entre os homens e a supressão da propriedade privada.
  2. a aprovação do metalismo e a pregação do direito de rebelião.
  3. a defesa dos direitos naturais do homem e o fim do Estado.
  4. a divisão dos poderes governamentais e a abolição da escravidão.
  5. a ilegitimidade de governos despóticos e a liberdade econômica.

36. (FMJ 2024) Leia o relato de um tecelão inglês.

Ali trabalhávamos enquanto ainda podíamos enxergar no verão, e não saberia dizer a que hora parávamos de trabalhar. Ninguém a não ser o mestre e o filho do mestre tinha relógio, e nunca sabíamos que horas eram. Havia um homem que tinha relógio [...]. Foi-lhe tirado e entregue à custódia do mestre, porque ele informara aos homens a hora do dia [...].

(E. P. Thompson. Costumes em comum, 1998.)

O relato expressa

  1. o manejo do relógio para estimular o cumprimento de prazos entre os trabalhadores.
  2. a racionalização das horas para sincronizar o trabalho de empregadores e empregados.
  3. o monopólio do controle do tempo para a administração da mão de obra trabalhadora.
  4. a abstração do tempo para conter os trabalhadores com horas extras remuneradas.
  5. a constante supervisão temporal dos trabalhadores para evitar falhas produtivas.

37. (FMJ 2024) Em 1836, algumas reformas, entre outras o Ato Adicional, eram consideradas como responsáveis em parte pelo enfraquecimento do governo central. É neste ambiente que se esboça um núcleo reacionário que aos poucos engloba a maioria da Câmara. Logo na discussão da fala do trono, alude o deputado Rodrigues Torres à necessidade da interpretação do Ato Adicional, no sentido de se lhe apararem as arestas demasiado democráticas. Outro deputado, Honório Hermeto Carneiro Leão, se insurge contra novas medidas democráticas, aconselhando o Regresso.

(Caio Prado Jr. Evolução Política do Brasil: colônia e império, 2007. Adaptado.)

No Brasil, o Regresso implicava

  1. a criação do sistema eleitoral, idealizado como a origem do sistema representativo da política nacional.
  2. a diminuição das autonomias provinciais, tidas como as responsáveis pelas revoltas regenciais.
  3. o fim das decisões políticas do partido liberal, reputadas como responsáveis pelo golpe da Maioridade.
  4. a volta do Conselho de Estado, visto como o instrumento eficaz de controle do poder moderador.
  5. o abrandamento da soberania parlamentar, considerada como empecilho à estabilidade imperial.

38. (FMJ 2024) Na noite de 8 para 9 de novembro de 1923, um jovem de ascendência austríaca invadiu um comício político que era realizado na Bürgerbräukeller, uma das maiores cervejarias de Munique, na Alemanha.

De arma em punho, ele falou aos presentes [...] sobre a “revolução social” que devolveria à Alemanha a glória que havia perdido após a Primeira Guerra Mundial.

Muitos dos ali presentes não conheciam este homem [...]. Mas alguns sabiam quem ele era: Adolf Hitler.

(www.bbc.com)

O episódio ficou conhecido como Putsch de Munique/da Cervejaria e, embora tenha fracassado, pois seus participantes foram presos, acabou por conferir popularidade para o nazismo ao

  1. ecoar a insatisfação social com a República de Weimar.
  2. eliminar a fração bolchevique do governo.
  3. minar a coalização semipresidencialista alemã.
  4. propor obediência ao Tratado de Versalhes.
  5. imitar a atuação teatral da política italiana.

39. (FMJ 2024) A dinâmica do gráfico está relacionada com

  1. o domínio brasileiro sobre a produção mundial de commodities ao longo do regime varguista.
  2. a política do governo Vargas de criação de infraestrutura a partir de empréstimos internacionais.
  3. a disseminação das ferrovias pelo interior do país na esteira da crise do café no início do governo Vargas.
  4. o êxito das tentativas industrializantes da Era Vargas a partir da estratégia do funding-loan.
  5. o avanço do modernismo no Brasil durante a ditatura varguista por meio da difusão das leis trabalhistas.

40. (FMJ 2024) O governo JK (1956-1961) foi, de longe, o mais bem-sucedido da experiência democrática. [...] De um ponto de vista panorâmico, o governo JK foi quase uma “proeza”. [...]

Não é por mero acaso, portanto, que o quinquênio JK tenha recebido, posteriormente, o epíteto de “anos dourados” [...].

(Vânia Maria Lousada Moreira. “Os anos JK: industrialização

e modelo oligárquico de desenvolvimento rural”.

In: Jorge Ferreira e Lucilia de Almeida Neves Delgado.

O tempo da experiência democrática:

da democratização de 1945 ao golpe civil-militar de 1964, 2003.)

A avaliação do governo de Juscelino Kubitschek, feita pelo excerto, deriva, entre outras razões,

  1. do desenvolvimento amplificado do sistema de ensino nacional.
  2. da contradição de interesses brasileiros e norte-americanos.
  3. da retomada da produção agropecuária do país.
  4. do crescimento econômico nacional alcançado no período.
  5. da instabilidade das forças políticas brasileiras de então.

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