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F. de Medicina de Petrópolis – FMP 2022: Português

Texto I

A feminização da medicina no Brasil

O mundo assiste à progressiva diminuição nas diferenças de gênero, com a remoção de barreiras que impedem as mulheres de ter o mesmo acesso que os homens à educação, às oportunidades de trabalho e aos benefícios sociais. No Brasil, em paralelo à crescente predominância feminina na população, registram-se o crescimento da escolaridade feminina e a maior presença das mulheres nos diversos setores da atividade econômica.

Essas mudanças das últimas décadas também se refletem na presença cada vez maior de mulheres na medicina brasileira. Tal transformação poderá constituir-se em elemento estruturante da evolução da profissão, com consequências nas práticas médicas e na qualidade da sua assistência. O crescimento da participação feminina na profissão fica evidente na evolução do número de mulheres que entram no mercado de trabalho.

Segundo pesquisas, os homens predominam nas especialidades cirúrgicas e naquelas que atendem urgências, como a ortopedia. A ideia de que há necessidade de mais força e resistência física, maior disponibilidade de tempo, assim como compatibilização entre as práticas profissionais e a vida familiar são os principais motivos que afastam as mulheres de determinadas especialidades. Nesse sentido, a opção das médicas brasileiras tem sido pelas especialidades básicas, como pediatria e ginecologia/obstetrícia.

Na perspectiva bioética, mulheres e homens podem divergir na maneira de perceber problemas no exercício profissional da medicina. A “ética do cuidado”, relacionada à atuação das mulheres, e a “ética da justiça”, à dos homens, permitem uma reflexão bioética que considere a oposição entre valores humanos e afetivos, supostamente mais “femininos”, e valores científicos e racionais, que seriam mais “masculinos”.

Portanto, essa diversidade revela que a feminização da medicina requererá novas análises bioéticas que possam contribuir para a compreensão da dimensão dinâmica do fenômeno.

SCHEFFER, M.C.; CASSENOTE, A.J.F. Revista Bioética, v. 21, n. 2,

2013. Disponível em: <https: //revistabioetica.cfm.org.br>. Acesso em: 13

ago. 2021. Adaptado.

01. (FMP 2022) No desenvolvimento temático do Texto I, antes de afirmar que o crescimento da participação feminina na profissão fica evidente na evolução do número de mulheres que estão entrando no mercado de trabalho (parágrafo 2), o texto desenvolve a ideia de que

  1. a atuação feminina se aproxima mais da ética do cuidado do que a masculina, do ponto de vista da perspectiva bioética.
  2. a compatibilização entre as práticas profissionais e a vida familiar podem afastar as mulheres de determinadas especialidades.
  3. algumas especialidades médicas são preferencialmente masculinas, e não femininas, porque exigem mais força e resistência física.
  4. o crescimento da escolaridade feminina e a maior presença das mulheres nos diversos setores da atividade econômica têm sido observados no Brasil.
  5. as mulheres e os homens podem divergir na maneira de enxergar, sentir e solucionar problemas no cotidiano do exercício profissional da medicina.

02. (FMP 2022) No primeiro parágrafo do Texto I, a função que o segundo período exerce em relação ao primeiro é de

  1. indução
  2. gradação
  3. contestação
  4. especificação
  5. generalização

03. (FMP 2022) No Texto I, o referente do termo ou da expressão em destaque está corretamente explicitado entre colchetes no

  1. parágrafo 2, em “Essas mudanças das últimas décadas também se refletem na presença cada vez maior de mulheres na medicina brasileira.” [diferenças de gênero]
  2. parágrafo 2, em “com consequências nas práticas médicas e na qualidade da sua assistência.” [transformação]
  3. parágrafo 3, em “Segundo pesquisas, os homens predominam nas especialidades cirúrgicas e naquelas que atendem urgência e emergência, como a ortopedia.” [pesquisas]
  4. parágrafo 5, em “Portanto, essa diversidade revela que a feminização da medicina requererá novas análises bioéticas” [perspectiva bioética]
  5. parágrafo 5, em “análises bioéticas que possam contribuir para a compreensão da dimensão dinâmica do fenômeno.” [feminização da medicina]

04. (FMP 2022) De acordo com a norma-padrão da língua portuguesa, a concordância nominal está correta em:

  1. A aproximação de homens e mulheres nas organizações e o reconhecimento dessa nova tendência em nossa sociedade precisam ser aceitas sem restrições.
  2. A presença de mulheres em posições de liderança e o lucro das empresas, atualmente, são pretendidas pelas companhias.
  3. O objetivo da realização profissional e a capacidade de atender a inúmeras funções têm sido buscados pelas mulheres com muita frequência.
  4. O comando da mulher nas empresas e sua inserção em cargos antes ocupados somente pelos homens devem ser consideradas de grande valor.
  5. O trabalho integral fora de casa e as tarefas domésticas devem ser reconhecidas porque constituem o obstáculo que sobrecarrega as mulheres.

05. (FMP 2022) O emprego das vírgulas está plenamente de acordo com a norma-padrão da língua portuguesa em:

  1. A mulher era vista como representação da beleza, da procriação e da virtude, em detrimento do seu intelecto.
  2. As transformações da Medicina que constituem um processo dinâmico, garantiram o acesso da mulher a cargos antes inesperados.
  3. O pensamento de que estudar era muito perigoso, para a saúde da mulher principalmente, por afetar sua mente prevaleceu por muito tempo.
  4. O maior ingresso das mulheres na Medicina, se deve a uma série de fatores, como a intensa transformação cultural a partir dos anos 60/70.
  5. Os movimentos sociais e políticos, que impulsionaram as mulheres para as universidades públicas têm obtido ótimos resultados.

06. (FMP 2022) A forma verbal destacada atende às exigências de concordância de acordo com a norma-padrão da língua portuguesa em:

  1. No Brasil, encontram-se excelentes profissionais femininas em muitas áreas de atividade, o que revela uma tendência mundial na atualidade.
  2. Como as mulheres costumam cuidar dos filhos e da casa, precisam-se de leis que garantam proteção para que sejam atendidas em suas necessidades.
  3. Devido às mudanças sociais das últimas décadas, constata-se situações de conflito na vida privada das famílias brasileiras porque a mulher deseja profissionalizar-se.
  4. Com o objetivo de compreender o avanço da feminização da medicina, pesquisaram-se, em várias regiões, a oportunidade de trabalho oferecida às mulheres.
  5. Em diferentes fases da escolaridade, observa-se estudantes do sexo feminino cada vez mais dedicadas, configurando-se uma modificação sociocultural significativa.

07. (FMP 2022) No Texto I, o autor utiliza um recurso de modalização ao empregar uma expressão de opinião em:

  1. “diminuição nas diferenças de gênero, com a remoção de barreiras que impedem as mulheres de ter o mesmo acesso que os homens à educação” (parágrafo 1)
  2. “Essas mudanças das últimas décadas também se refletem na presença cada vez maior de mulheres na medicina brasileira.” (parágrafo 2)
  3. “O crescimento da participação feminina na profissão fica evidente na evolução do número de mulheres que entram no mercado de trabalho.” (parágrafo 2)
  4. “A ideia de que há necessidade de mais força e resistência física, maior disponibilidade de tempo, assim como compatibilização entre as práticas profissionais e a vida familiar são os principais motivos que afastam as mulheres de determinadas especialidades.” (parágrafo 3)
  5. “uma reflexão bioética que considere a oposição entre valores humanos e afetivos, supostamente mais ‘femininos’, e valores científicos e racionais, que seriam mais ‘masculinos’.” (parágrafo 4)

Texto II

Lucíola

Lúcia não disse mais palavra; parou no meio do aposento, defronte de mim.

Era outra mulher.

O rosto cândido e diáfano, que tanto me impressionou à doce claridade da lua, se transformara completamente: tinha agora uns toques ardentes e um fulgor estranho que o iluminava. Os lábios finos e delicados pareciam túmidos dos desejos que incubavam. Havia um abismo de sensualidade nas asas transparentes da narina que tremiam com o anélito do respiro curto e sibilante, e também nos fogos surdos que incendiavam a pupila negra.

A suave fluidez do gesto meigo sucedeu a veemência e a energia dos movimentos. O talhe perdera a ligeira flexão que de ordinário o curvava, como uma haste delicada ao sopro das auras; e agora arqueava enfunando a rija carnação de um colo soberbo, e traindo as ondulações felinas num espreguiçamento voluptuoso.

Às vezes um tremor espasmódico percorria-lhe todo o corpo, e as espáduas se conchegavam como se um frio de gelo a invadira de súbito; mas breve sucedia a reação, e o sangue abrasando-lhe as veias, dava à branca epiderme reflexos de nácar e às formas uma exuberância de seiva e de vida, que realçavam a radiante beleza.

Era uma transfiguração completa.

Enquanto a admirava, a sua mão ágil e sôfrega desfazia ou antes despedaçava os frágeis laços que prendiam-lhe as vestes. A mais leve resistência dobrava-se sobre si mesmo como uma cobra, e os dentes de pérola talhavam mais rápidos do que a tesoura o cadarço de seda que lhe opunha obstáculos. Até que o penteador de veludo voou pelos ares, as tranças luxuriosas dos cabelos negros rolaram pelos ombros arrufando ao contato a pele melindrosa, uma nuvem de rendas e cambraias abateu-se a seus pés, e eu vi aparecer aos meus olhos pasmos, nadando em ondas de luz, no esplendor de sua completa nudez, a mais formosa bacante que esmagara outrora com o pé lascivo as uvas de Corinto.

Saí alucinado!

Fora delírio, convulsão de prazer tão viva que, através do imenso deleite, traspassava-me uma sensação dolorosa, como se eu me revolvera no meio de um sono opiado, sobre um leito de espinhos. É que as carícias de Lúcia vinham impregnadas de uma irritabilidade que cauterizava. [...]

De repente surgiu lívida, e estendeu-me a mão aberta. Ouvi uma palavra soluçada, voz opressa, que não entendi, mas adivinhei.

Imagine qual revolução houve em mim; e a profunda indignação com que me precipitei sobre minha carteira para atirá-la à face dessa mulher. Mas ela reteve-me com a força sobre-humana que lhe davam as contrações nervosas.

— Estava gracejando-me! Não é assim que me queria?

E soltou uma gargalhada.

ALENCAR, J. Lucíola. SP: Melhoramentos, 2012. cap. IV.

08. (FMP 2022) Nos parágrafos 2, 6, 8, 9 e 11, o narrador-personagem apresenta seu ponto de vista sobre a personagem feminina, revelando uma atitude gradativa de

  1. volúpia
  2. repulsa
  3. excitação
  4. tolerância
  5. neutralidade

09. (FMP 2022) É característica do Romantismo a intensa adjetivação, o que pode ser comprovado em diversas passagens do Texto II.

Um trecho do Texto II que foge a essa característica é o seguinte:

  1. “Lúcia não disse mais palavra; parou no meio do aposento, defronte de mim.” (parágrafo 1)
  2. “O rosto cândido e diáfano, que tanto me impressionou à doce claridade da lua” (parágrafo 3)
  3. “A suave fluidez do gesto meigo sucedeu a veemência e a energia dos movimentos.” (parágrafo 4)
  4. “a sua mão ágil e sôfrega desfazia ou antes despedaçava os frágeis laços” (parágrafo 7)
  5. “no esplendor de sua completa nudez, a mais formosa bacante que esmagara outrora com o pé lascivoas uvas de Corinto.” (parágrafo 7)

10. (FMP 2022) O romance Lucíola, de José de Alencar, relata cenas da vida de uma mulher que se tornou cortesã, no século XIX, premida por necessidades financeiras.

A passagem apresentada no Texto II revela a inserção dessa obra no conjunto do Romantismo brasileiro porque retrata

  1. o amor como o único meio de redimir todos os males, por meio da aproximação entre as personagens.
  2. a heroína romântica, idealizada, que se transforma em mulher fatal, em uma visão dicotômica entre o amor espiritual e o amor físico.
  3. o contexto de uma sociedade em transformação, que valoriza o dinheiro em detrimento dos sentimentos pessoais.
  4. a mulher associada a atitudes que revelam ambição e fragilidade de caráter, além de submissão ao elemento masculino.
  5. os amores impossíveis e as intrigas amorosas reveladoras dos preconceitos nas altas camadas sociais brasileiras.
Gabarito
1 - D 2 - D 3 - E 4 - C 5 - A
6 - A 7 - E 8 - B 9 - A 10 - B

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