Ora, Ora

Parece que você tem um Bloqueador de Anúncios ativo, e quem não usa?

Contudo a Agatha Edu se mantém essencialmente com a renda gerada por anúncios, desativa aí rapidinho, parça. 😀

Home > Banco de Questões > Enem 2024: Linguagens

Enem 2024: Linguagens

06. (Enem 2024) O festival folclórico de Parintins, no Amazonas, anunciou que o Boi Caprichoso levou, em 2018, seu 23.o título — contra 31 do adversário Boi Garantido. Desde o fim do evento que não paro de cantar duas músicas que aprendi no Bumbódromo (arena onde ocorre o espetáculo). Revezo entre “meu amor, eu sou feliz, ééé azul o meu país”, obviamente do boi azul, o Caprichoso; e “vermelhou o curral, a ideologia avermelhou”, do boi vermelho, o Garantido. Esse revezamento seria proibido em Parintins, cidade tão dividida entre as torcidas dos bois. Em Parintins, você tem de ter um lado. Há aqueles que tentam fugir e dizem que são “garanchoso”, com os quais me identifiquei, mas esses são vistos com certo desdém.

DYNLEWICZ, L. Disponível em: https://viagem.estadao.com.br. Acesso em: 22 nov. 2018 (adaptado).

A apropriação de elementos como rivalidade, competitividade, torcida e gritos de guerra pelo festival de Parintins evidencia a

  1. escolha de um local específico para a festa.
  2. importância atribuída pelos turistas aos bois.
  3. interação social estabelecida após o evento.
  4. aproximação da manifestação folclórica com o esporte.
  5. composição de enredos musicais pelos “garanchosos”

Resposta: D

Resolução: A questão destaca a rivalidade entre as torcidas dos bois no festival de Parintins, semelhante à competitividade presente em eventos esportivos. A opção D, que aponta para a “aproximação da manifestação folclórica com o esporte”, é a mais adequada, pois o texto reflete essa característica ao mencionar torcidas e gritos de guerra, elementos típicos de competições esportivas.

07. (Enem 2024) O Brasil somou cerca de 60 mil novos casos de câncer de mama até o final de 2019, número que corresponde a 25% de todos os diagnósticos da condição registrados no país, segundo dados do Instituto Nacional do Câncer (Inca). Apesar de o Outubro Rosa ser o mês de conscientização sobre a questão voltada para as mulheres, é muito importante lembrar que um dos grandes mitos da medicina é o de que o câncer de mama não afeta o sexo masculino.

Fatores importantes para detectar o câncer de mama masculino:

1. Genética: se houver casos na família, as chances são um pouco mais elevadas.

2. Hormônios: homens podem desenvolver tecido real das glândulas mamárias por tomarem certos medicamentos ou apresentarem níveis hormonais anormais.

3. Caroços: é necessário que os médicos se atentem a alguns sintomas suspeitos, como um caroço na área do tórax.

4. Retração na pele: em situações mais graves do câncer de mama masculino, é possível também ocorrer uma retração do mamilo.

Disponível em: https://pebmed.com.br. Acesso em: 24 nov. 2021 (adaptado).

As informações dessa reportagem auxiliam no combate ao câncer de mama masculino por apresentarem um alerta sobre o(s)

  1. sinais indicadores da doença.
  2. índice de crescimento de casos.
  3. exames para diagnóstico do tumor.
  4. mitos a respeito da herança genética.
  5. período de campanhas de conscientização.

Resposta: A

Resolução: O texto fornece informações sobre fatores que ajudam a identificar sintomas do câncer de mama masculino, como genética, hormônios, caroços e retração da pele. Estes são sinais indicadores da doença, auxiliando a conscientização sobre o tema.

08. (Enem 2024) Feijoada à minha moda

Amiga Helena Sangirardi

Conforme um dia prometi

Onde, confesso que esqueci

E embora – perdoe – tão tarde

(Melhor do que nunca!) este poeta

Segundo manda a boa ética

Envia-lhe a receita (poética)

De sua feijoada completa.

Em atenção ao adiantado

Da hora em que abrimos o olho

O feijão deve, já catado

Nos esperar, feliz, de molho.

Uma vez cozido o feijão

(Umas quatro horas, fogo médio)

Nós, bocejando o nosso tédio

Nos chegaremos ao fogão

[...]

De carne-seca suculenta

Gordos paios, nédio toucinho

(Nunca orelhas de bacorinho

Que a tornam em excesso opulenta!)

[...]

Enquanto ao lado, em fogo brando

Desmilinguindo-se de gozo

Deve também se estar fritando

O torresminho delicioso

Em cuja gordura, de resto

(Melhor gordura nunca houve!)

Deve depois frigir a couve

Picada, em fogo alegre e presto.

[...]

Dever cumprido. Nunca é vã

A palavra de um poeta... – jamais!

Abraça-a, em Brillat-Savarin,

O seu Vinicius de Moraes.

MORAES, V. ln: CÍCERO, A.; QUEIROZ, E. (Org.). Vinicius de Moraes: nova antologia poética. São Paulo: Cia. das Letras, 2005 (fragmento).

Apesar de haver marcas formais de carta e receita, a característica que define esse texto como poema é o(a)

  1. nomeação de um interlocutor
  2. manifestação de intimidade.
  3. descrição de procedimentos.
  4. utilização de uma linguagem expressiva.
  5. apresentação de ingredientes culinários

Resposta: D

Resolução: O texto utiliza uma linguagem expressiva para descrever o preparo de uma feijoada de forma poética. Essa característica define o texto como poema, apesar das marcas de carta e receita.

09. (Enem 2024) Expressões e termos utilizados no Amazonas são retratados em livro e em camisetas “Na linguagem, podemos nos ver da forma mais verdadeira: nossas crenças, nossos valores, nosso lugar no mundo”, afirmou o doutor em linguística e professor da Ufam em seu livro Amazonês: expressões e termos usados no Amazonas. Portanto, o amazonense, com todas as suas “cunhantãs” e “curumins”, acaba por encontrar um lugar no mundo e formar uma unidade linguística, informalmente denominada de português “caboco”, que muito se diferencia do português “mineiro”, “gaúcho”, “carioca” e de tantos outros espalhados pelo Brasil. O livro, que conta com cerca de 1100 expressões e termos típicos do falar amazonense, levou dez anos para ser construído. Para o autor, o principal objetivo da obra é registrar a linguagem.

Um designer amazonense também acha o amazonês “xibata”, tanto é que criou uma série de camisetas estampadas com o nome de Caboquês Ilustrado, que mistura o bom humor com as expressões típicas da região. A coleção conta com sete modelos já lançados, entre eles: Leseira Baré, Xibata no Balde e Até o Tucupi, e 43 ainda na fila de espera. Para o criador, as camisas têm como objetivo “resgatar o orgulho do povo manauara, do povo do Norte”.

Disponível em: https://g1.globo.com. Acesso em: 15 jan. 2024 (adaptado).

A reportagem apresenta duas iniciativas: o livro Amazonês e as camisetas do Caboquês Ilustrado. Com temática em comum, essas iniciativas

  1. recomendam produtos feitos por empreendedores da região Norte.
  2. ressaltam diferenças entre o falar manauara e outros falares.
  3. reverenciam o trabalho feito por pesquisadores brasileiros.
  4. destacam a descontração no jeito de ser do amazonense.
  5. valorizam o repertório linguístico do povo do Amazonas.

Resposta: E

Resolução: Tanto o livro quanto as camisetas promovem e valorizam as expressões linguísticas do Amazonas, reforçando o repertório cultural da região. Assim, a alternativa correta é a E, que indica a “valorização do repertório linguístico do povo do Amazonas”.

10. (Enem 2024) Conheça histórias de atletas paralímpicas que trocaram de modalidade durante a carreira esportiva

Jane Karla: a goiana de 45 anos teve poliomielite aos três anos, o que prejudicou seus movimentos das pernas. Em 2003, iniciou no tênis de mesa e conseguiu conquistar títulos nacionais e internacionais. Mas conheceu o tiro com arco e, em 2015, optou por se dedicar somente à nova modalidade. Em seu ano de estreia no tiro, já faturou a medalha de ouro nos Jogos Parapan-Americanos de Toronto 2015.

Elizabeth Gomes: a santista de 55 anos era jogadora de vôlei quando foi diagnosticada com esclerose múltipla em 1993. Ingressou no Movimento Paralímpico pelo basquete em cadeira de rodas até experimentar o atletismo. Chegou a praticar as duas modalidades simultaneamente até optar pelas provas de campo em 2010. No Campeonato Mundial de Atletismo, realizado em Dubai, em 2019, Beth se sagrou campeã do lançamento de disco e estabeleceu um novo recorde mundial da classe F52.

Silvana Fernandes: a paraibana de 21 anos é natural de São Bento e nasceu com malformação no braço direito. Aos 15 anos, começou a praticar atletismo no lançamento de dardo. Em 2018, enquanto competia na regional Norte-Nordeste, foi convidada para conhecer o paratae kwon do. No ano seguinte, migrou para a modalidade e já faturou o ouro na categoria até 58 kg nos Jogos Parapan-Americanos de Lima 2019.

Disponível em: https://cpb.org.br. Acesso em: 15 jan. 2024 (adaptado).

Esse conjunto de minibiografias tem como propósito

  1. descrever as rotinas de treinamento das atletas.
  2. comparar os desempenhos de atletas de alto rendimento.
  3. destacar a trajetória profissional de atletas paralímpicas brasileiras.
  4. indicar as categorias mais adequadas a adaptações paralímpicas.
  5. estimular a participação de mulheres em campeonatos internacionais.

Resposta: C

Resolução: As minibiografias narram a trajetória das atletas paralímpicas brasileiras, enfatizando suas mudanças de modalidade e conquistas, destacando suas carreiras. Portanto, a alternativa correta é C, que indica o propósito de “destacar a trajetória profissional de atletas paralímpicas brasileiras”.

11. (Enem 2024) É fundamentalmente no Minho, norte de Portugal, que o cavaquinho aparece como instrumento tipicamente popular, ligado às formas essenciais da música característica dessa província. O cavaquinho minhoto tem escala rasa com o tampo, o que facilita a prática do “rasqueado”. O cavaquinho chega ao Brasil diretamente de Portugal, e o modelo brasileiro é maior do que a sua versão portuguesa, com uma caixa de ressonância mais funda. Semelhante ao cavaquinho minhoto, o machete, ou machetinho madeirense, é um pequeno cordófono de corda dedilhada, que faz parte da grande e diversificada família das violas de mão portuguesas. O ukulele tem a sua origem no século XIX, tendo como ancestrais o braguinha (ou machete) e o rajão, instrumentos levados pelos madeirenses quando eles emigraram para o Havaí.

OLIVEIRA, E. V. Cavaquinhos e família. Disponível em: https://casadaguitarra.pt. Acesso em: 18 nov. 2021 (adaptado).

O conjunto dessas práticas musicais demonstra que os instrumentos mencionados no texto

  1. refletem a dependência da utilização de matéria-prima europeia.
  2. adaptam suas características a cada cultura, assumindo nova identidade.
  3. comprovam a hegemonia portuguesa na invenção de cordófonos dedilhados.
  4. ilustram processos de dominação cultural, evidenciando situações de choque cultural.
  5. mantêm nomenclatura própria para garantir a fidelidade às formas originais de confecção.

Resposta: B

Resolução: Os instrumentos mencionados no texto, como o cavaquinho e o ukulele, refletem o processo de adaptação cultural. Cada um deles foi ajustado conforme o contexto cultural onde foi utilizado, assumindo novas formas e características. Isso mostra como a música e os instrumentos evoluem ao serem adotados por diferentes culturas, criando assim uma identidade única para cada variante do instrumento.

12. (Enem 2024) Marília acorda Tomo café em golinhos para não queimar meus lábios ressequidos. Como pão em pedacinhos para não engasgar com um farelo mais duro. Marília come também, mas olha o tempo todo para baixo. Parece que tem um acanhamento novo entre a gente. Termino. Olho mais uma vez pela janela. O dia está bom. Quero caminhar pelo pátio. Marília levanta, pega o andador e põe ao lado da cama. Ela sabe que eu quero levantar sozinha, e levanto. O lance de escadas, apesar de pequeno, ainda me causa problemas, mas não quero um elevador na casa e não vou tolerar descer uma rampa de cadeira de rodas. Marília abre a porta e saímos para a manhã. O dia está mais fresco do que eu imaginava. Ela pega uma manta de tricô que temos desde não sei quando e põe sobre as minhas costas. Ela aperta meus ombros com muita força, porque mesmo depois de todos esses anos, não descobriu a medida certa do carinho. Eu gosto. Porque entendo que naquele ato, naquela força está o nosso carinho.

POLESSO, N. B. Amora. Porto Alegre: Não Editora, 2015.

Nesse trecho, o drama do declínio físico da narradora transmite uma sensibilidade lírica centrada na

  1. necessidade de fazer adaptações na casa.
  2. atmosfera de afeto fortalecido pelo convívio.
  3. condição de dependência de outras pessoas.
  4. determinação de manter a regularidade da rotina.
  5. aceitação das restrições de mobilidade da personagem

Resposta: B

Resolução: O trecho revela uma atmosfera de carinho e proximidade entre a narradora e Marília. Esse vínculo afetivo é enfatizado pelos pequenos gestos e pela compreensão mútua que desenvolveram ao longo dos anos, destacando um afeto que se fortaleceu pelo convívio diário e pela parceria, sem focar na dependência ou nas adaptações físicas.

13. (Enem 2024) Nesse cartaz, a expressão “Vou deixar que você se vá”, em conjunto com os elementos não verbais utilizados tem a finalidade de

  1. incentivar o descarte de itens defeituosos.
  2. promover a reciclagem de produtos usados.
  3. garantir a conservação de roupas de inverno.
  4. relacionar o gesto de doação à ideia de desapego.
  5. comparar a peça de roupa ao sentimento de despedida

Resposta: D

Resolução: O cartaz usa a expressão “Vou deixar que você se vá” como uma metáfora para o ato de desapego, relacionando o gesto de doar itens a uma forma de se libertar deles emocionalmente. A ideia é promover a doação, incentivando as pessoas a se desapegarem de itens que não usam mais, sem o apego sentimental a esses objetos.

14. (Enem 2024) Teclado amazônico

Em novembro de 2023, uma professora indígena recebeu uma missão: verter as regras de um jogo de tabuleiro infantil do português para o tukano, sua língua nativa. Com vinte anos de experiência como professora de línguas em Taracuá, no Amazonas, ela já se dedicava à tradução havia tempos. O trabalho ficou mais fácil graças a um aplicativo lançado no ano anterior: com o Linklado em seu computador, ela traduziu as sete páginas das instruções do jogo em dois dias. Sem esse recurso, a tarefa seria bem mais trabalhosa. Antes dele, diz a professora, as transcrições de línguas indígenas exigiam o esforço quase manual de produzir diacríticos (acentos gráficos) e letras que não constam no teclado de aplicativos de mensagens ou programas de texto.

Para a pesquisadora do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (lnpa), idealizadora do aplicativo, o Linklado representa uma revolução. O programa não restringe combinações de acentos, e isso poderá facilitar a criação de representações gráficas para fonemas que ainda não têm forma escrita. “Eu mirei em uma dor e atingimos várias outras”, diz.

“O Linklado possibilita que o Brasil reconheça a sua diversidade linguística”, afirma uma antropóloga que é colega da pesquisadora no Inpa e faz parte da equipe do aplicativo. Ela defende que escrever na língua materna é uma das principais formas de preservá-la.

Disponível em: https://piaui.folha.uol.com.br. Acesso em: 3 fev. 2024 (adaptado).

De acordo com esse texto, o aplicativo Linklado contribuiu para a

  1. criação de fonemas representativos de línguas indígenas no meio digital.
  2. democratização do registro escrito de línguas dos povos originários.
  3. adaptação de regras de jogos de tabuleiro de origem indígena.
  4. divulgação das técnicas de tradução de línguas indígenas.
  5. aprendizagem da língua portuguesa pelos indígenas.

Resposta: B

Resolução: O aplicativo Linklado facilita o registro escrito de línguas indígenas, democratizando o processo de escrita e documentação dessas línguas, que possuem fonemas específicos e diacríticos não suportados pelos teclados comuns. Isso representa um avanço no reconhecimento e preservação das línguas dos povos originários, promovendo a diversidade linguística no meio digital.

15. (Enem 2024) TEXTO 1

A fotografia de Regina Valkenborgh apresenta 2953 arcos de luz cruzando o céu e registra o nascer e o pôr do sol ao longo de oito anos. Em 2012, essa estudante da Universidade de Hertfordshire colocou uma folha de papel fotográfico em uma lata com um pequeno orifício, criando assim uma câmera pinhole de baixa tecnologia. Porém, a lata foi esquecida em um telescópio no observatório da universidade. Esse projeto esquecido acabou revelando a foto do pôr do sol de maior exposição já tirada.

SANTOS, A. Disponível em: https://socientifica.com.br. Acesso em: 13 nov. 2021 (adaptado).

TEXTO II

Representação de 2953 arcos de luz cruzando o céu, registrando o nascer e o pôr do sol ao longo de oito anos

VALKENBORGH, R. Fotografia. Reino Unido: Universidade Hertfordshire (2012-2020). Disponível em: www.thisiscolossal.com. Acesso em: 1 nov. 2022.

O experimento realizado por Regina Valkenborgh resultou no entendimento de que a

  1. técnica fotográfica alternativa limita o registro de imagens.
  2. apreciação da natureza depende de registro fotográfico.
  3. criatividade artística decorre do conhecimento científico.
  4. câmera de criação caseira tem valor tecnológico.
  5. produção artística pode ser resultado do acaso.

Resposta: E

Resolução: A fotografia da estudante resultou de um acaso: uma câmera pinhole foi esquecida e deixou uma exposição prolongada de oito anos, criando uma imagem única do pôr do sol. Esse acaso permitiu que a criação artística ocorresse de forma inesperada, mostrando que obras de arte nem sempre são resultado de um planejamento rígido, mas também podem surgir de situações imprevistas.

16. (Enem 2024) Os Jogos Olímpicos já não são mais os mesmos. E isso não é nem uma crítica, nem um elogio. É uma constatação. Esse movimento começou com o vôlei de praia tornando-se esporte olímpico em 1996, passou pela chegada do BMX Racing como primeiro “radical” a entrar no programa em 2008, e agora atinge seu momento mais insólito com a inclusão do break dance como modalidade dos Jogos de Paris, em 2024. Para os mais tradicionalistas, o cruzamento da linha que delimitava o que é esporte e o que é cultura e arte é uma afronta ao espírito dos Jogos Olímpicos. Skate e surfe, que há anos têm competições na televisão, pareciam estar na divisa entre esses dois mundos, o limite do aceitável pelos puristas. O break dance estaria do lado de “lá” dessa fronteira. Para o Comitê Olímpico Internacional, a decisão faz parte de uma estratégia de se comunicar com jovens urbanos que se exercitam e se entretêm de uma maneira muito diferente da dos seus avós.

Disponível em: www.uol.com.br. Acesso em: 19 nov. 2021 (adaptado)

A mudança no programa olímpico mencionada no texto mostra que o esporte está se

  1. aproximando da aventura.
  2. mantendo em sua forma padrão.
  3. tornando uma forma de dança.
  4. afastando de elementos culturais.
  5. adaptando às demandas do seu tempo

Resposta: E

Resolução: A inclusão de modalidades como o break dance nos Jogos Olímpicos mostra a adaptação do esporte às novas demandas culturais, especialmente as dos jovens urbanos. Ao incorporar modalidades que ultrapassam os limites tradicionais, o Comitê Olímpico Internacional visa atualizar e diversificar o evento, refletindo as transformações sociais e os interesses contemporâneos.

17. (Enem 2024) Memes e fake news: o impacto na educação das crianças

Há quem diga que o Brasil nunca mais foi o mesmo depois dos memes. Na economia da velocidade, alguns apostam no humor, outros no engajamento político, e tem gente investindo alto na mentira também. Diante desse cenário, uma pergunta se torna essencial: será que todo mundo está conseguindo traduzir as mensagens postadas, curtidas e compartilhadas?

Essa dúvida incentivou uma professora de língua portuguesa a desenvolver uma proposta de leitura e análise crítica de memes com estudantes do ensino fundamental, na rede pública do Distrito Federal, na cidade de Samambaia. “Percebi que muitos alunos e pais estavam divulgando conteúdos sem saber o que havia por trás das palavras”, relata a professora.

“O que antes era engraçado para os alunos passou a ser visto com outros olhos”, afirma a professora. Para ela, que utilizou a representação da criança em memes de WhatsApp como material gerador das discussões em sala de aula, aguçar o olhar sobre-essas mensagens impacta diretamente a atitude de postar, curtir e compartilhar conteúdos ao estimular o uso consciente da informação que circula nas plataformas de mídia social.

Letramento político e midiático é um desafio intergeracional. Em tempos de notícias falsas, de imagens manipuladas e de memes sendo usados como triunfo da verdade de cada um, checagem de informação e interpretação de texto acabam se tornando moedas valiosas.

Disponível em: https://lunetas.com.br. Acesso em: 15 jan. 2024 (adaptado).

Ao abordar a relação dos memes com a educação, a reportagem sustenta uma crítica à

  1. falta de fiscalização no uso de aplicativos de mensagens por crianças.
  2. divulgação de informação manipulada em postagens virtuais.
  3. utilização de ferramentas digitais no trabalho educacional.
  4. exploração de conteúdos humorísticos nas mídias sociais.
  5. propagação de mensagens com objetivos políticos.

Resposta: B

Resolução: A questão aborda a crítica à disseminação de informações manipuladas e fake news nas redes sociais. A reportagem destaca como os memes podem impactar a percepção e interpretação das mensagens compartilhadas, o que levou a professora a desenvolver uma proposta de letramento crítico para que os alunos compreendam melhor o conteúdo dos memes.

18. (Enem 2024) — Eu lhe juro, Aurélia. Estes lábios nunca tocaram a face de outra mulher, que não fosse minha mãe. Meu primeiro beijo de amor, guardei-o para minha esposa, para ti...

[...]

— Ou de outra mais rica! disse ela, retraindo-se para fugir ao beijo do marido, e afastando-o com a ponta dos dedos.

A voz da moça tomara o timbre cristalino, eco da rispidez e aspereza do sentimento que lhe sublevava o seio, e que parecia ringir-lhe nos lábios como aço.

— Aurélia! Que significa isto?

— Representamos uma comédia, na qual ambos desempenhamos o nosso papel com perícia consumada. Podemos ter este orgulho, que os melhores atores não nos excederiam. Mas é tempo de pôr termo a esta cruel mistificação, com que nos estamos escarnecendo mutuamente, senhor. Entremos na realidade por mais triste que ela seja; e resigne-se cada um ao que é, eu, uma mulher traída; o senhor, um homem vendido.

— Vendido! — exclamou Seixas ferido dentro d’alma.

— Vendido, sim: não tem outro nome. Sou rica, muito rica; sou milionária; precisava de um marido, traste indispensável às mulheres honestas. O senhor estava no mercado; comprei-o. Custou-me cem contos de réis, foi barato; não se fez valer. Eu daria o dobro, o triplo, toda a minha riqueza por este momento.

ALENCAR, J. Senhora. Rio de Janeiro: Tecnoprint, 2003.

Ao tematizar o casamento, esse fragmento reproduz uma concepção de literatura romântica evidenciada na

  1. defesa da igualdade de gêneros.
  2. importância atribuída à castidade.
  3. indignação com as injustiças sociais.
  4. interferência da riqueza sobre o amor.
  5. valorização das relações interpessoais.

Resposta: D

Resolução: O fragmento de Senhora, de José de Alencar, explora a complexa relação entre amor e dinheiro dentro do casamento, característica da literatura romântica, evidenciando a interferência da riqueza sobre o amor. Aurélia menciona explicitamente que "comprou" o marido, destacando a influência do dinheiro nessa união. Isso reflete a crítica romântica à mistura de amor e conveniência financeira, o que torna a alternativa D a mais adequada.

19. (Enem 2024) A leitura comparativa das duas esculturas, separadas por mais de 2500 anos, indica a

Anônimo. Cabeça de uma figura feminina.

Circa 2700-2500 a.C. Escultura em mármore, 8 x 3,2 cm.

Metropolitan Museum of Art, Nova Iorque

MODIGLIANI, A. Cabeça de mulher. Circa 1910-1911.

Escultura em calcário, 68,3 x 15,9 x 24,1 cm.

National Gallery of Art, Washington.

WOLKOFF, J. These 5,000-Year-Old Sculptures Look Shockingly Similar to Modem Art.

Disponível em: www.artsy.net. Acesso em: 19 jun. 2019

  1. valorização da arte antiga por artistas contemporâneos.
  2. resistência da arte escultórica aos avanços tecnológicos.
  3. simplificação da forma em razão do tipo de material utilizado.
  4. persistência de padrões estéticos em diferentes épocas e culturas.
  5. ausência de detalhes como traço distintivo da arte tradicional popular

Resposta: D

Resolução: A questão pede a comparação entre esculturas separadas por mais de 2.500 anos. Ambas as esculturas apresentam formas simplificadas, destacando uma persistência de padrões estéticos que atravessa épocas e culturas, evidenciando um gosto comum por características estilísticas simples e formas depuradas. Assim, a resposta correta é D, pois enfatiza a continuidade de certas escolhas estéticas ao longo do tempo.

20. (Enem 2024) TEXTO I

A linguagem visual dos adornos transmite informações sobre prestígio e transgressão, direito e dever, pois só permitido ao indivíduo o uso de adornos de sua linhagem. Quando diretamente vinculadas aos conceitos cosmológicos, as artes indígenas convertemse antes em prismas que refletem as concepções acerca da composição do universo e dos componentes que o povoam.

AGUILAR, N. (Org.); DIAS, J.A. B. F; VELTHEN, L. H. V. Mostra do redescobrimento: artes indígenas. São Paulo: Fundação Bienal de São Paulo-Associação Brasil 500 anos, 2000 (adaptado).

Diadema (etnia Kayapo). Estados do Mato Grosso e Pará. Museu de Arte Indigena, s.d.

Disponível em: www.maimuseu.com.br.

Pela leitura desses textos, infere-se que a compreensão da arte plumária indígena requer a consideração da

  1. indistinção hierárquica entre os membros de um mesmo grupo social.
  2. prevalência dos elementos do mundo natural sobre as relações humanas.
  3. reconfiguração constante das representações coletivas acerca do universo.
  4. indeterminação entre as noções de identidade individual e de identidade cultural.
  5. indissociabilidade entre objetos ritualísticos e os papéis dos indivíduos na comunidade.

Resposta: E

Resolução: A questão exige compreensão da arte plumária indígena como algo além da estética, associando-se diretamente aos papéis rituais e hierárquicos dos indivíduos na comunidade. O texto explica que o uso de adornos é restrito a membros específicos do grupo, ligando esses objetos aos papéis sociais e rituais na cultura indígena. Portanto, a alternativa E é correta, pois aborda a relação entre objetos ritualísticos e os papéis comunitários dos indivíduos.

21. (Enem 2024) TEXTO I

Capítulo 4, versículo 3

Minha palavra vale um tiro, eu tenho muita munição

Na queda ou na ascensão, minha atitude vai além

E tem disposição pro mal e pro bem

Talvez eu seja um sádico ou um anjo, um mágico

Ou juiz, ou réu, o bandido do céu

Malandro ou otário, quase sanguinário

Franco atirador se for necessário

Revolucionário, insano, ou marginal

Antigo e moderno, imortal

Fronteira do céu com o inferno

Astral imprevisível, como um ataque cardíaco do verso.

RACIONAIS MCs. Sobrevivendo ao inferno. São Paulo: Cosa Nostra, 1997 (fragmento).

TEXTO II

Pode-se dizer que as várias experiências narradas nos discos do Racionais tratam no fundo de um só tema: a violência que estrutura a nossa sociedade. O grupo canta a violência que estrutura as relações entre os familiares, os amigos, o homem e a mulher, o traficante e o viciado. Canta a violência do crime. A violência causada por inveja ou por vaidade. Também canta que a relação entre as classes sociais é sempre violenta: o racismo, a miséria, os baixos salários, a concentração de renda, a esmola, a publicidade, o alcoolismo, o jornalismo, o poder policial, a justiça, o sistema penitenciário, o governo existem por meio da violência.

GARCIA, W. Ouvindo Racionais MCs. Teresa: revista de literatura brasileira, n. 5, 2004 (adaptado).

Na letra da canção, a tematização da violência mencionada no Texto lI manifesta-se

  1. como metáfora da desigualdade, que associa a ideia de justiça a valores históricos negativos.
  2. na referência a termos bélicos, que sinaliza uma crítica social à opressão da população das periferias.
  3. como procedimento metalinguístico, que concebe a palavra como uma forma de combate e insubordinação.
  4. nas definições ambíguas do enunciador, que inverte e relativiza as representações da maldade e da bondade.
  5. na menção à imortalidade, que sugere a possibilidade de resistência para além da dicotomia entre vida e morte.

Resposta: C

Resolução: A resposta correta é "C" porque o texto musical dos Racionais MCs utiliza a "palavra" como forma de combate e insubordinação, transformando-a em uma arma simbólica. Este recurso, metalinguístico, representa a violência que a sociedade impõe às periferias e a resistência que ela gera. A palavra é aqui usada para expressar resistência e confrontação.

22. (Enem 2024) Se você é feito de música, este texto é pra você

Às vezes, no silêncio da noite, eu fico imaginando: que graça teria a vida sem música? Sem ela não há paz, não há beleza. Nos dias de festa e nas madrugadas de pranto, nas trilhas dos filmes e nas corridas no parque, o que seria de nós sem as canções que enfeitam o cotidiano com ritmo e verso? Quem nunca curou uma dor de cotovelo dançando lambada ou terminou de se afundar ouvindo sertanejo sofrência? Quantos já criticaram funk e fecharam a noite descendo até o chão? Tudo bem... Raul nos ensinou que é preferível ser essa metamorfose ambulante do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo.

Já somos castigados com o peso das tragédias, o barulho das buzinas, os ruídos dos conflitos. É pau, é pedra, é o fim do caminho. Há uma nuvem de lágrimas sobre os olhos, você está na lanterna dos afogados, o coração despedaçado. Mas, como um sopro, da janela do vizinho, entra o samba que reanima a mente. Floresce do fundo do nosso quintal a batida que ressuscita o ânimo, sintoniza a alegria e equaliza o fôlego. Levanta, sacode a poeira, dá a volta por cima.

BITTAR, L. Disponível em: www.revistabula.com. Acesso em: 21 nov. 2021 (adaptado).

Defendendo a importância da música para o bem-estar e o equilíbrio emocional das pessoas, a autora usa, como recurso persuasivo, a

  1. contradição, ao associar o coração despedaçado à alegria.
  2. metáfora, ao citar a imagem da metamorfose ambulante.
  3. intertextualidade, ao resgatar versos de letras de canções.
  4. enumeração, ao mencionar diferentes ritmos musicais.
  5. hipérbole, ao falar em “sofrência”, “tragédias” e “afogados”.

Resposta: C

Resolução: A resposta correta é "C" porque a autora utiliza intertextualidade ao resgatar versos de músicas conhecidas, o que fortalece a argumentação sobre a importância da música. Expressões como "É pau, é pedra" e "Levanta, sacode a poeira" fazem referência a músicas populares, tornando o texto mais envolvente e demonstrando o impacto emocional da música.

23. (Enem 2024) pessoas com suas malas

mochilas e valises

chegam e se vão

se encontram

se despedem

e se despem

de seus pertences

como se pudessem chegar

a algum lugar

onde elas mesmas

não estivessem

RUIZ, A. In: SANT’ANNA, A. Rua Aribau: coletânea de poemas. Porto Alegre: TAG, 2018.

Esse poema, por meio da ideia de deslocamento, metaforiza a tentativa de pessoas

  1. buscarem novos encontros.
  2. fugirem da própria identidade.
  3. procurarem lugares inexplorados.
  4. partirem em experiências inusitadas.
  5. desaparecerem da vida em sociedade.

Resposta: B

Resolução: A resposta correta é "B" porque o poema explora a ideia de que as pessoas, ao se deslocarem e se desfazerem de seus pertences, buscam escapar de si mesmas. A imagem da "despedida" de pertences sugere uma tentativa de abandonar traços de identidade ou de buscar um novo lugar onde possam se transformar ou se distanciar de sua própria essência.

24. (Enem 2024) Falar errado é uma arte, Arnesto!

No dia 6 de agosto de 1910, Emma Riccini Rubinato pariu um garoto sapeca em Valinhos e deu a ele o nome de João Rubinato. Na escola, João não passou do terceiro ano. Não era a área dele, tinha de escolher outra. Fez o que apareceu. Foi ser garçom, metalúrgico, até virar radialista, comediante, ator de cinema e TV, cantor e compositor. De samba.

Como tinha sobrenome italiano, João resolveu mudar para emplacar seu samba. E como ia mudar o sobrenome, mudou o nome. Virou Adoniran Barbosa. O cara falava errado, voz rouca, pinta de malandro da roça. Virou ícone da música brasileira, o mais paulista de todos, falando errado e irritando Vinicius de Moraes, que ficou de bico fechado depois de ouvir a música que Adoniran fez para a letra Bom dia, tristeza, de autoria do Poetinha. Coisa de arrepiar.

Para toda essa gente que implicava, Adoniran tinha uma resposta neoerudita: “Gosto de samba e não foi fácil, pra mim, ser aceito como compositor, porque ninguém queria nada com as minhas letras que falavam ‘nóis vai’, ‘nóis fumo’, ‘nóis fizemo’, ‘nóis peguemo’. Acontece que é preciso saber falar errado. Falar errado é uma arte, senão vira deboche”.

Ele sabia o que fazia. Por isso dizia que falar errado era uma arte. A sua arte. Escolhida a dedo porque casava com seu tipo. O Samba do Arnesto é um monumento à fala errada, assim como Tiro ao Álvaro. O erudito podia resmungar, mas o povo se identificava.

PEREIRA, E. Disponível em: www.tribunapr.com.br. Acesso em: 8 jul. 2024 (adaptado).

O “falar errado” a que o texto se refere constitui um preconceito em relação ao uso que Adoniran Barbosa fazia da língua em suas composições, pois esse uso

  1. marcava a linguagem dos comediantes no mesmo período.
  2. prejudicava a compreensão das canções pelo público.
  3. denunciava a ausência de estilo nas letras de canção.
  4. restringia a criação poética nas letras do compositor.
  5. transgredia a norma-padrão vigente à época.

Resposta: E

Resolução: A resposta correta é "E" porque o uso de expressões informais por Adoniran Barbosa transgredia a norma-padrão da época, o que gerava preconceito linguístico. Ele propositalmente usava uma linguagem que representava o "povo", desafiando a norma culta e trazendo autenticidade a suas composições, que eram mais acessíveis ao público comum.

25. (Enem 2024) A Língua da Tabatinga, falada na cidade de Bom Despacho, Minas Gerais, foi por muito tempo estigmatizada devido à sua origem e à própria classe social de seus falantes, pois, segundo uma pesquisadora, era falada por “meninos pobres vindos da Tabatinga ou de Cruz de Monte – ruas da periferia da cidade cujos habitantes sempre foram tidos por marginais”. Conhecida por antigos como a “língua dos engraxates”, pois muitos trabalhadores desse ofício conversavam nessa língua enquanto lustravam sapatos na praça da matriz, a Língua da Tabatinga era utilizada por negros escravizados como uma espécie de “língua secreta”, um código para trocarem informações de como conseguir alimentos, ou para planejar fugas de seus senhores sem risco de serem descobertos por eles.

De acordo com um documento do Iphan (2011), os falantes da língua apresentam uma forte consciência de sua relação com a descendência africana e da importância de preservar a “fala que os identifica na região”. Essa mudança de compreensão tangencia aspectos de pertencimento, pois, à medida que o falante da Língua da Tabatinga se identifica com a origem afro-brasileira, ele passa a ver essa língua como um legado recebido e tem o cuidado de transmiti-la para outras gerações. A concentração de falantes dessa língua está na faixa entre 21 e 60 anos de idade.

Disponível em: www.historiaeparcerias2019.rj.anpuh.org. Acesso em: 3 fev. 2024 (adaptado).

A Língua da Tabatinga tem sido preservada porque o(a)

  1. seu registro passou da forma oral para a escrita.
  2. classe social de seus usuários ganhou prestígio.
  3. sua função inicial se manteve ao longo dos anos.
  4. sentimento de identidade linguística tem se consolidado.
  5. perfil etário de seus falantes tem se tornado homogêneo.

Resposta: D

Resolução: A resposta correta é "D" porque a preservação da Língua da Tabatinga está associada ao fortalecimento do sentimento de identidade linguística entre seus falantes. O texto explica que essa língua passou a ser valorizada como um legado afro-brasileiro, o que promove seu uso contínuo e a transmissão para as gerações futuras.

26. (Enem 2024) Diante do pouco dinheiro para produtos básicos de sobrevivência, são as adolescentes o alvo mais vulnerável à precariedade menstrual. Sofrem com dois fatores: o desconhecimento da importância da higiene menstrual para sua saúde e a dependência dos pais ou familiares para a compra do absorvente, que acaba entrando na lista de artigos supérfluos da casa.

A falta do absorvente afeta diretamente o desempenho escolar dessas estudantes e, como consequência, restringe o desenvolvimento de seu potencial na vida adulta. Dados da Pesquisa Nacional de Saúde (PNS), do IBGE, revelaram que, das meninas entre 10 e 19 anos que deixaram de fazer alguma atividade (estudar, realizar afazeres domésticos, trabalhar ou, até mesmo, brincar) por problemas de saúde nos 14 dias anteriores à data da pesquisa, 2,88% deixaram de fazê-la por problemas menstruais. Para efeitos de comparação, o índice de meninas que relataram não ter conseguido realizar alguma de suas atividades por gravidez e parto foi menor: 2,55%.

Dados da ONU apontam que, no mundo, uma em cada dez meninas falta às aulas durante o período menstrual. No Brasil, esse número é ainda maior: uma entre quatro estudantes já deixou de ir à escola por não ter absorventes. Com isso, perdem, em média, até 45 dias de aula, por ano letivo, como revela o levantamento Impacto da Pobreza Menstrual no Brasil. O ato biológico de menstruar acaba por virar mais um fator de desigualdade de oportunidades entre os gêneros.

Disponível em: www12.senado.leg.br. Acesso em: 21 jan. 2024 (adaptado).

Esse texto é marcado pela função referencial da linguagem, uma vez que cumpre o propósito de

  1. sugerir soluções para um problema de ordem social.
  2. estabelecer uma relação entre menstruação e gravidez.
  3. comparar o desempenho acadêmico de mulheres e homens.
  4. informar o leitor sobre o impacto da pobreza menstrual na vida das mulheres.
  5. orientar o público sobre a necessidade de rotinas de autocuidado na adolescência.

Resposta: D

Resolução: A função referencial da linguagem se destaca porque o texto tem o propósito de informar o leitor sobre o impacto da pobreza menstrual na vida das mulheres. O texto foca em apresentar dados e situações que ilustram como a falta de acesso a produtos de higiene menstrual afeta o desempenho escolar e a vida das jovens, sem apresentar juízos ou soluções.

27. (Enem 2024) Maranhenses que moram longe matam a saudade da terra natal usando expressões próprias do estado. Se o maranhês impressiona e desperta a curiosidade de quem mora no próprio Maranhão, imagine de quem vem de outros estados e países? A variedade linguística local é enorme e o modo de falar tão próprio e característico dos maranhenses vem conquistando muita gente e inspirando títulos e muito conteúdo digital com a criação de podcasts, blogs, perfis na internet, além de estampar diversos tipos de produtos e serviços de empresas locais.

Com saudades do Maranhão, morando há 16 anos no Rio de Janeiro, um fotógrafo maranhense criou um perfil na internet no qual compartilha a culinária, brincadeiras e o ‘dicionário’ maranhês. “A primeira vez que fui a uma padaria no Rio, na inocência, pedi 3 reais de ‘pães misturados’. Quando falei isso, as pessoas pararam e me olharam de uma forma bem engraçada, aí já fiquei ‘encabulado, ó’ e o atendente sorriu e explicou que lá não existia pão misturado e, sim, pão francês e suíço. Depois foi a minha vez de explicar sobre os pães ‘massa grossa e massa fina”’, contou o fotógrafo, com humor.

Disponível em: https://oimparcial.com.br. Acesso em: 1 nov. 2021 (adaptado).

A vivência relatada no texto evidencia que as variedades linguísticas

  1. impedem o entendimento mútuo.
  2. enaltecem o português do Maranhão.
  3. são constitutivas do português brasileiro.
  4. exigem a dicionarização dos termos usados.
  5. são restritas a situações coloquiais de comunicação

Resposta: C

Resolução: O texto apresenta a experiência de um maranhense em outro estado, ilustrando como o modo de falar varia entre regiões e pode causar estranhamento. Essa vivência exemplifica a diversidade do português brasileiro, ressaltando que as variedades linguísticas são constitutivas do português brasileiro e fazem parte das diferentes maneiras como a língua é usada no país.

28. (Enem 2024) Meu irmão é filho adotivo. Há uma tecnicidade no termo, filho adotivo, que contribui para sua aceitação social. Há uma novidade que por um átimo o absolve das mazelas do passado, que parece limpá-lo de seus sentidos indesejáveis. Digo que meu irmão é filho adotivo e as pessoas tendem a assentir com solenidade, disfarçando qualquer pesar, baixando os olhos como se não sentissem nenhuma ânsia de perguntar mais nada. Talvez compartilhem da minha inquietude, talvez de fato se esqueçam do assunto no próximo gole ou na próxima garfada. Se a inquietude continua a reverberar em mim, é porque ouço a frase também de maneira parcial – meu irmão é filho – e é difícil aceitar que ela não termine com a verdade tautológica habitual: meu irmão é filho dos meus pais. Estou entoando que meu irmão é filho e uma interrogação sempre me salta aos lábios: filho de quem?

FUCKS, J. A resistência. São Paulo: Cia. das Letras, 2015. Das reflexões do narrador, apreende-se uma perspectiva que associa a adoção

  1. a representações sociais estigmatizadas da parentalidade.
  2. à necessidade de aprovação por parte de desconhecidos.
  3. ao julgamento velado de membros do núcleo familiar.
  4. ao conflito entre o termo técnico e o vínculo afetivo.
  5. a inquietações próprias das relações entre irmãos

Resposta: D

Resolução: A reflexão do narrador sugere um conflito entre a definição técnica do termo "filho adotivo" e a relação afetiva que existe entre irmãos e pais. Essa perspectiva associa a adoção ao conflito entre o termo técnico e o vínculo afetivo, que não se limita a conceitos legais, mas a um sentimento de pertencimento e identidade familiar.

29. (Enem 2024) TEXTO 1

A 13 de fevereiro de 1946, Graciliano Ramos escreve uma carta a Cândido Portinari relembrando uma visita que lhe fizera quando tivera a ocasião de apreciar algumas telas da série Retirantes. Diz o escritor alagoano:

Caríssimo Portinari:

A sua carta chegou muito atrasada, e receio que esta resposta já não o ache fixando na tela a nossa pobre gente da roça. Não há trabalho mais digno, penso eu. Dizem que somos pessimistas e exibimos deformações; contudo, as deformações e essa miséria existem fora da arte e são cultivadas pelos que nos censuram. [...]

Dos quadros que você me mostrou quando almocei no Cosme Velho pela última vez, o que mais me comoveu foi aquela mãe com a criança morta. Saí de sua casa com um pensamento horrível: numa sociedade sem classes e sem miséria, seria possível fazer-se aquilo? Numa vida tranquila e feliz, que espécie de arte surgiria? Chego a pensar que teríamos cromos, anjinhos cor-de-rosa, e isto me horroriza.

Graciliano

Disponível em: https://graciliano.com.br. Acesso em: 6 fev. 2024 (adaptado).

TEXTO II

Histórias de ninar (adultos)

Houve um tempo – tão perto, e, ó, tão longe – em que a arte era um holofote na unha encravada, não um campeonato de melhores esmaltes.

Raskolnikov matava velhinhas, a família de Gregor Samsa o assassinava a “maçãzadas”, Memórias póstumas de Brás Cubas (Machado de Assis) é o retrato mais perfeito de tudo o que tem de pior na sociedade brasileira, uma sequência tristemente hilária de ações moralmente condenáveis, atitudes pusilânimes, cálculos mesquinhos e maus passos cretinos.

A literatura, o cinema e o teatro vêm se transformando num exercício de lacração: o mal está sempre no outro, os protagonistas são ironmen/women da virtude. A pessoa sai da leitura ou da sessão não com a guarda abaixada, as certezas abaladas, mais próxima da verdade (ou, à falta de uma palavra melhor, da sinceridade): sai com suas certezas reforçadas.

A realidade é confusa. Contraditória. Muitas vezes incompreensível. A arte é onde tentamos nos mostrar nus, com todos os nossos defeitos.

PRATA, A. Disponível em: www1.folha.uol.com.br. Acesso em: 12 jan. 2024 (adaptado).

No que diz respeito à arte, o posicionamento de Antônio Prata, no Texto II, aproxima-se da tese de Graciliano Ramos, no Texto I, uma vez que ambos

  1. defendem a dignidade do ofício dos artistas.
  2. concluem que a arte reforça crenças pessoais.
  3. apresentam a pobreza como inspiração para a arte.
  4. afirmam o necessário caráter desestabilizador da arte.
  5. atestam que há mudanças significativas na produção artística

Resposta: D

Resolução: Tanto Graciliano Ramos quanto Antônio Prata defendem que a arte deve ter um papel questionador e mostrar os problemas da sociedade, em vez de suavizá-los ou esconder suas imperfeições. Eles compartilham a visão de que a arte tem um caráter desestabilizador e deve confrontar o público com a realidade, por mais desconfortável que seja.

30. (Enem 2024) Cap. XLVIII / Terpsícore

Ao contrário do que ficou dito atrás, Flora não se aborreceu na ilha. Conjeturei mal, emendo-me a tempo. Podia aborrecer-se pelas razões que lá ficam, e ainda outras que poupei ao leitor apressado; mas, em verdade, passou bem a noite. A novidade da festa, a vizinhança do mar, os navios perdidos na sombra, a cidade defronte com os seus lampiões de gás, embaixo e em cima, na praia e nos outeiros, eis ar aspectos novos que a encantaram durante aquelas horas rápidas.

Não lhe faltavam pares, nem conversação, nem alegria alheia e própria. Toda ela compartia da felicidade dos outros. Via, ouvia, sorria, esquecia-se do resto para se meter consigo. Também invejava a princesa imperial, que viria a ser imperatriz um dia, com o absoluto poder de despedir ministros e damas, visitas e requerentes, e ficar só, no mais recôndito do paço, fartando-se de contemplação ou de música. Era assim que Flora definia o ofício de governar. Tais ideias passavam e tornavam. De uma vez alguém lhe disse, como para lhe dar força: “Toda alma livre é imperatriz!”.

ASSIS, M. Esaú e Jacó. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1974.

Convidada para o último baile do Império, na Ilha Fiscal, localizada no Rio de Janeiro, Flora devaneia sobre aspectos daquele contexto, no qual o narrador ironiza a

  1. promessa de esperança com o futuro regime.
  2. alienação da elite em relação ao fim da monarquia.
  3. perspectiva da contemplação distanciada da capital.
  4. animosidade entre população e membros da nobreza.
  5. fantasia de amor e de casamento da mulher burguesa.

Resposta: B

Resolução: No trecho de Machado de Assis, a descrição do baile, a fantasia de Flora e a frase "Toda alma livre é imperatriz!" sugerem a alienação da elite, que se diverte sem perceber ou admitir o iminente fim da monarquia. O narrador ironiza essa alienação da elite em relação ao fim da monarquia, mostrando uma classe social que vive em uma bolha, alheia ao contexto histórico.

31. (Enem 2024) Telemedicina é para todos, mas nem todos estão preparados

A telemedicina, nos últimos anos, tem se destacado como uma ferramenta valiosa, proporcionando uma gama de benefícios que vão desde a ampliação do acesso à assistência médica até a otimização dos recursos de todo o ecossistema de saúde.

O governo federal propõe a Estratégia de Saúde Digital, um programa destinado à transformação digital da saúde no Brasil. Seu principal objetivo é facilitar a troca de informações entre os diversos pontos da Rede de Atenção à Saúde, promovendo a interoperabilidade e, assim, possibilitando a transição e a continuidade do cuidado nos setores público e privado. Também está em discussão um projeto de lei que dispõe sobre o prontuário eletrônico unificado do cidadão, o que indica o quanto o tema está em evidência tanto para os gestores públicos quanto para os privados.

Contudo, é importante reconhecer que nem todas as pessoas estão igualmente preparadas para aproveitar plenamente os cuidados ofertados pela telemedicina. Um dos principais benefícios do atendimento de saúde a distância é a capacidade de superar barreiras geográficas, proporcionando acesso a serviços médicos, especialmente para pacientes que residem em áreas remotas e/ou carentes de certas especialidades médicas, os chamados “vazios assistenciais”. A equidade no acesso é uma questão crítica, uma vez que nem todos têm ao seu alcance dispositivos tecnológicos ou uma conexão à internet que seja confiável, entre outros problemas de infraestrutura. É um desafio tanto para os pacientes quanto para os profissionais de saúde, que, em muitos casos, não contam com estrutura para o trabalho remoto nem com letramento digital para desenvolver as funções.

OLIVEIRA, D. Disponível em: www.correiobraziliense.com.br. Acesso em: 21 jan. 2024 (adaptado).

Ao tratar da telemedicina, esse texto ressalta que um dos benefícios dessa tecnologia para a sociedade é o fato de ela

  1. disponibilizar prontuário único do cidadão tanto na rede pública quanto na privada.
  2. oportunizar o acesso a atendimento médico a pacientes de áreas periféricas.
  3. fornecer dispositivos tecnológicos para a realização de exames.
  4. promover a interação entre diferentes especialidades médicas.
  5. garantir infraestrutura para o trabalho remoto de médicos.

Resposta: B

Resolução: O texto destaca a telemedicina como uma ferramenta capaz de superar barreiras geográficas, especialmente para pessoas em áreas com carência de serviços médicos. Dessa forma, o benefício mencionado na alternativa B se alinha com a ideia central de ampliar o acesso à saúde para quem vive em "vazios assistenciais", como áreas periféricas.

32. (Enem 2024) Uma definição possível para o conceito de arte afro-brasileira pode ser: produção plástica que é feita por negros, mestiços ou brancos a partir de suas experiências sociais com a cultura negra nacional. Exemplos clássicos dessa abordagem são Carybé (1911-1997), Mestre Didi (1917-2013) e Djanira da Motta e Silva (1914-1979), cujas obras emergem e ganham forma em razão do ambiente social no qual habitaram e viveram. Se Didi era um célebre representante da cultura religiosa nagô baiana e brasileira, iniciado desde o ventre no candomblé, Carybé era argentino e, naturalizado brasileiro, envolveu-se de tal modo com essa religião que alguns dos orixás dos quais conhecemos a imagem visual são produções suas.

Disponível em: www.premiopipa.com. Acesso em: 13 nov. 2021 (adaptado).

Sob a perspectiva da multiculturalidade e de acordo com o texto, a produção artística afro-brasileira caracteriza-se pelo(a)

  1. estranhamento no modo de apropriação da cultura religiosa de matriz africana.
  2. distanciamento entre as raízes de matriz africana e a estética de outras culturas.
  3. visão uniformizadora das religiões de matriz africana expressada nas diferentes produções.
  4. relação complexa entre as vivências pessoais dos artistas e os referenciais estéticos de matriz africana.
  5. padronização da forma de produção e da temática da matriz africana presente nas obras dos artistas citados.

Resposta: D

Resolução: questão aborda como a arte afro-brasileira reflete as experiências sociais dos artistas em contato com a cultura negra. A alternativa D é a mais adequada, pois enfatiza a relação profunda e complexa entre os aspectos culturais e as vivências pessoais dos artistas, que incorporam influências de matrizes africanas em suas obras, em vez de seguir uma visão única ou padronizada.

33. (Enem 2024) Influenciadores negros têm recorrentemente chamado a atenção para o fato de terem muito menos repercussão em suas postagens e nas entregas do seu conteúdo quando comparados com os influenciadores brancos, mesmo se fotos, contextos e anúncios forem extremamente semelhantes. Segundo o site Negrê, a digital influencer e youtuber criadora do projeto digital Preta Pariu iniciou um experimento em uma plataforma. Após perceber a crescente queda nos índices de alcance digital, a paulista publicou fotografias de modelos brancas em seu perfil e analisou as métricas de engajamento. Surpreendentemente, a ferramenta de estatísticas aferiu um aumento de 6 000% em seu alcance.

Disponível em: https://diplomatique.org.br. Acesso em: 21 jan. 2024 (adaptado).

A apresentação do dado estatístico ao final desse texto revela a intenção de

  1. demonstrar a repercussão de projetos como o Preta Pariu.
  2. informar o quantitativo de postagens da comunidade negra.
  3. potencializar o alcance de textos e imagens em sites como o Negrê.
  4. exaltar a qualidade das publicações sobre negritude em redes sociais.
  5. comprovar a relação entre o alcance de conteúdos digitais e o viés racial.

Resposta: E

Resolução: O experimento mencionado no texto, que aponta um aumento significativo no alcance de postagens quando estas envolvem modelos brancas, sugere uma evidência de viés racial nas plataformas digitais. A alternativa E é correta, pois identifica essa intenção de mostrar como o engajamento varia de acordo com questões raciais.

34. (Enem 2024) Por trás do universo “masculino” das lutas, é cada vez mais notório o aumento da participação de mulheres nessa prática corporal. Algumas situações reforçam esse fenômeno de ocupação em ambientes de lutas: a inclusão de mulheres em combates de artes marciais mistas, ou MMA, a transmissão televisiva de lutas de mulheres e a criação de horários específicos para elas em academias que ensinam lutas. Uma pesquisa científica mostrou menor participação e mobilização das meninas em comparação com os meninos nas aulas de Educação Física. Entre as justificativas discentes para essa situação está o fato de que eles relacionam a luta como uma expressão corporal masculina e, por consequência, não adequada aos interesses femininos. Dessa forma, o ensino de lutas nas aulas de Educação Física é atravessado por tensões relacionadas às questões de gênero e sexualidade, o que, por sua vez, pode favorecer a sua exclusão do conteúdo próprio da disciplina.

SO, M. R.; MARTINS, M. Z.; BETTI, M. As relações das meninas com os saberes das lutas nas aulas de Educação Física. Motrivivência, n. 56, dez. 2018 (adaptado).

Segundo o texto, apesar do aumento da participação de mulheres em lutas, a realidade na escola ainda é diferente em razão do(a)

  1. esportivização desse conteúdo.
  2. masculinização dessa modalidade.
  3. enfoque desses eventos pela mídia.
  4. trato pedagógico dessa manifestação.
  5. marginalização desse tema pela Educação Física.

Resposta: B

Resolução: A questão aborda como a prática de lutas ainda é vista como algo masculino, levando a uma menor adesão de meninas nas aulas de Educação Física. A alternativa B se refere corretamente ao problema central descrito, que é a percepção de luta como uma prática masculina, gerando exclusão e pouca participação feminina.

35. (Enem 2024) Volta e meia recebo cartinhas de fãs, e alguns são bem jovens, contando como meu trabalho com a música mudou a vida deles. Fico no céu lendo essas coisas e me emociono quando escrevem que não são aceitos pelos pais por serem diferentes, e como minhas músicas são uma companhia e os libertam nessas horas de solidão.

Sinto que é mais complicado ser jovem hoje, já que nunca tivemos essa superpopulação no planeta: haja competitividade, culto à beleza, ter filho ou não, estudar, ralar para arranjar trabalho, ser mal remunerado, ser bombardeado com trocentas informações, lavagens cerebrais...

Queria dar beijinhos e carinhos sem ter fim nessa moçada e dizer a ela que a barra é pesada mesmo, mas que a juventude está a seu favor e, de repente, a maré de tempestade muda. Diria também um monte de clichê: que vale apena estudar mais, pesquisar mais, ler mais. Diria que não é sinal de saúde estar bem-adaptado a uma sociedade doente, que o que é normal para uma aranha é o caos para uma mosca.

Meninada, sintam-se beijados pela vovó Rita. RITA LEE. Outra autobiografia. São Paulo: Globo Livros, 2023.

Como estratégia para se aproximar de seu leitor, a autora usa uma postura de empatia explicitada em

  1. “Volta e meia recebo cartinhas de fãs, e alguns são bem jovens”.
  2. “Fico no céu lendo essas coisas”.
  3. “Sinto que é mais complicado ser jovem hoje”.
  4. “Queria dar beijinhos e carinhos sem ter fim nessa moçada”.
  5. “Diria que não é sinal de saúde estar bem-adaptado a uma sociedade doente”.

Resposta: C

Resolução: A alternativa C reflete a postura empática da autora, que se coloca no lugar do jovem ao reconhecer suas dificuldades e desafios. Essa frase sugere compreensão e proximidade, fortalecendo a conexão entre a autora e seu público.

36. (Enem 2024) Data venia

Conheci Bentinho e Capitu nos meus curiosos e antigos quinze anos. E os olhos de água da jovem de Matacavalos atraíram-me, seduziram-me ao primeiro contato. Aliados ao seu jeito de ser, flor e mistério. Mas tomou-me também a indignação diante do narrador e seu texto, feito de acusação e vilipêndio. Sem qualquer direito de defesa. Sem acesso ao discurso, usurpado, sutilmente, pela palavra autoritária do marido, algoz, em pele de cordeiro vitimado. Crudelíssimo e desumano: não bastasse o que faz com a mulher, chega a desejar a morte do próprio filho e a festejá-la com um jantar, sem qualquer remorso. No fundo, uma pobre consciência dilacerada, um homem dividido, que busca encontrar-se na memória, e acaba faltando-se a si mesmo. Retomei inúmeras vezes a triste história daquele amor em desencanto. Familiarizei-me, ao longo do tempo, com a crítica do texto; poucos, muito poucos, escapam das bem traçadas linhas do libelo condenatório; no mínimo concedem à ré o beneplácito da dúvida: convertem-na num enigma indecifrável, seu atributo consagrador.

Eis que, diante de mais um retorno ao romance, veio a iluminação: por que não dar voz plena àquela mulher, brasileira do século XIX, que, apesar de todas as artimanhas e do maquiavelismo do companheiro, se converte numa das mais fascinantes criaturas do gênio que foi Machado de Assis?

A empresa era temerária, mas escrever é sempre um risco. Apoiado no espaço de liberdade em que habita a Literatura, arrisquei-me.

O resultado: este livro em que, além-túmulo, como Brás Cubas, a dona dos olhos de ressaca assume, à luz do mistério da arte literária e do próprio texto do Dr. Bento Santiago, seu discurso e sua verdade.

PROENÇA FILHO, D. Capitu: memórias póstumas. Rio de Janeiro: Atrium, 1998.

Para apresentar a apropriação literária que faz da obra de Machado de Assis, o autor desse texto

  1. relaciona aspectos centrais da obra original e, então, reafirma o ponto de vista adotado.
  2. explica os pontos de vista de críticos da literatura e, por fim, os redimensiona na discussão.
  3. introduz elementos relevantes da história e, na sequência, apresenta motivos para refutá-los.
  4. justifica as razões pelas quais adotou certa abordagem e, em seguida, reconsidera tal escolha.
  5. contextualiza o enredo de forma subjetiva e, na conclusão, explicita o foco narrativo a ser assumido

Resposta: E

Resolução: O autor do texto faz uma análise subjetiva do enredo de Dom Casmurro e expõe seu ponto de vista sobre a personagem Capitu. A narrativa é contextualizada com uma abordagem pessoal, e, na conclusão, o autor explicita seu objetivo de dar voz à Capitu, destacando o foco narrativo alternativo que ele escolheu para recontar a história. Esse movimento de reinterpretação reforça a ideia de apropriação literária com foco subjetivo.

37. (Enem 2024) As reações à sétima temporada foram o ápice do último estágio em Game of Thrones. De forma alguma, este que vos fala seria capaz de argumentar que a série é perfeita, mas os defeitos que existem aqui sempre existiram, de uma forma ou de outra, durante os sete anos em que ela esteve no ar. Os dois roteiristas foram brilhantes em traduzir os personagens intrincados e conflituosos da obra de George R. R. Martin, mas nunca souberam exatamente como fazer jus a eles (e especialmente a elas, as mulheres da trama).

A verdade é que, com tudo isso e mais Ramin Djawadi evocando sentimentos e ambientes improváveis com sua trilha sonora magistral, a série não conseguiria ser ruim nem se tentasse, mas continua sendo uma pena que, ao buscar o seu final com tanta sede e tanta celeridade, Benioff e Weiss tenham tirado sua qualidade mais preciosa: o fôlego, a paciência e o detalhismo que faziam suas palavras se levantarem do papel e ganharem vida.

Disponível em: https://observatoriodocinema.uol.com.br. Acesso em: 29 nov. 2017 (adaptado).

Ainda que faça uma avaliação positiva da série, nessa resenha, o autor aponta aspectos negativos da obra ao utilizar

  1. marcas de impessoalidade que disfarçam a opinião do especialista.
  2. expressões adversativas para fazer ressalvas às afirmações elogiosas.
  3. interlocução com o leitor para corroborar opiniões contrárias à adaptação.
  4. eufemismos que minimizam as críticas feitas à construção das personagens.
  5. antíteses que opõem a fragilidade do roteiro à beleza da trilha sonora da série.

Resposta: B

Resolução: O autor utiliza expressões adversativas, como "mas" e "ainda que", para fazer ressalvas a pontos específicos da série Game of Thrones, elogiando alguns aspectos, mas também destacando suas falhas. Essa estrutura adversativa permite que o autor elogie a série enquanto critica o apressamento da última temporada e outros detalhes que afetaram negativamente a qualidade da narrativa.

38. (Enem 2024) — Vá para o inferno, Gondim. Você acanalhou o troço. Está pernóstico, está safado, está idiota. Há lá ninguém que fale dessa forma!

Azevedo Gondim apagou o sorriso, engoliu em seco, apanhou os cacos da sua pequenina vaidade e replicou amuado que um artista não pode escrever como fala.

— Não pode? — perguntei com assombro. E por quê? Azevedo Gondim respondeu que não pode porque não pode.

— Foi assim que sempre se fez. A literatura é a literatura, seu Paulo. A gente discute, briga, trata de negócios naturalmente, mas arranjar palavras com tinta é outra coisa. Se eu fosse escrever como falo, ninguém me lia.

RAMOS, G. São Bernardo. Rio de Janeiro: Record, 2009. Nesse fragmento, a discussão dos personagens traz à cena um debate acerca da escrita que

  1. diferencia a produção artística do registro padrão da língua.
  2. aproxima a literatura de dialetos sociais de pouco prestígio.
  3. defende a relação entre a fala e o estilo literário de um autor.
  4. contrapõe o preciosismo linguístico a situações de coloquialidade.
  5. associa o uso da norma culta à ocorrência de desentendimentos pessoais

Resposta: D

Resolução: No trecho, a discussão entre os personagens reflete um debate sobre o uso da linguagem coloquial versus uma linguagem mais erudita na literatura. Azevedo Gondim representa uma visão tradicional e formal da escrita, enquanto Paulo defende uma abordagem mais próxima da fala cotidiana. Isso contrapõe a formalidade e o preciosismo literário a uma forma mais coloquial de expressão.

39. (Enem 2024) Eliseu D’Angelo Visconti (1866-1944) desenvolveu diversas obras no Brasil, com grande influência das es colas europeias. Em sua pintura Três meninas no jardim, há

  1. culto à fluidez e ao progresso, nos moldes do ideário futurista.
  2. valorização de formas decompostas, a exemplo do estilo cubista.
  3. efeitos fugazes de luz e movimento, que remetem à estética impressionista.
  4. expressão do sonho e do inconsciente, que dialoga com a proposta surrealista.
  5. tematização de elementos cotidianos, que resgata modelos de representação da arte realista.

Resposta: C

Resolução: A obra Três Meninas no Jardim, de Eliseu Visconti, apresenta características da estética impressionista, como o uso de efeitos fugazes de luz e movimento. Esse estilo é marcado por uma técnica que captura a impressão do momento, algo comum no impressionismo, que valoriza a interação entre luz e cor.

40. (Enem 2024) Pressão, depressão, estresse e crise de ansiedade. Os males da sociedade contemporânea também estão no esporte. A tenista Naomi Osaka, do Japão, jogadora mais bem paga do mundo e que já ocupou o número 2 do ranking, retirou-se do torneio de Roland Garros de 2021 porque não estava conseguindo administrar as crises de ansiedade provocadas pelos grandes eventos, por ser uma estrela aos 23 anos, e pelo peso de parte da imprensa.

O tenista australiano Nick Kyrgios, de 25 anos, revelou sua “situação triste e solitária” enquanto lutava contra a depressão causada pelo ritmo avassalador do Circuito Mundial de Tênis. O jogador de basquete americano Kevin Love também tornou público seu quadro de ansiedade e depressão. O mundo do atleta é solitário e distante da família. O que vemos numa partida não reflete a rotina desgastante. A imprensa denomina atletas como heróis, como se aquele corpo fosse indestrutível, mas a mente é o ponto fraco da história.

Disponível em:www.uol.com.br. Acesso em: 31 out. 2021 (adaptado).

As causas do desequilíbrio na saúde mental apontadas no texto estão relacionadas às

  1. nacionalidades diversificadas dos praticantes.
  2. modalidades esportivas distintas.
  3. faixas etárias aproximadas.
  4. representações heroicas dos atletas.
  5. pressões constantes dos eventos e da mídia.

Resposta: E

Resolução: O texto descreve a pressão da mídia e dos grandes eventos esportivos como fatores que contribuem para o desgaste mental dos atletas. A representação da vida dos atletas como "heróica" e o impacto dessa expectativa social levam ao desequilíbrio emocional.

41. (Enem 2024) Já ouvi gente falando que o podcast é o renascimento do rádio. O rádio é genial, uma midia imorredoura, mas podcast não tem nada a ver com ele. O formato está mais próximo do ensaio literário do que de um programa de ondas curtas, médias ou longas.

Podcasts são antípodas das redes sociais. Enquanto elas são dispersivas, levam à evasão e à desinformação, os podcasts são uma possibilidade de imersão, concentração, aprendizado. Depois que eles surgiram, lavar a louça e me locomover pela cidade viraram um programaço. Um pós-almoço de domingo e aprendo tudo sobre bonobos e gorilas. Um táxi pro aeroporto e chego ao embarque PhD em reforma tributária.

PRATA, A. Disponível em: www1.folha.uol.com.br. Acesso em: 7 jan. 2024 (adaptado).

Segundo a argumentação construída nesse texto, o podcast

  1. provoca dispersão da atenção em seu público.
  2. funciona por meio de uma frequência de ondas curtas.
  3. propicia divulgação de conhecimento para seus usuários.
  4. tem um formato de interação semelhante ao das redes sociais.
  5. constitui uma evolução na transmissão de informações via rádio.

Resposta: C

Resolução: A argumentação do texto de Antonio Prata defende que os podcasts promovem uma experiência de concentração e aprendizado, ao contrário das redes sociais, que são descritas como dispersivas. A alternativa correta é a C: "propicia divulgação de conhecimento para seus usuários", pois o texto aponta que os podcasts permitem uma imersão que favorece o aprendizado e o acesso a informações variadas.

42. (Enem 2024) Evanildo Bechara prepara a sua aposentadoria de pouco em pouco, como se a adiasse ao máximo. Aos 95 anos, o imortal da Academia Brasileira de Letras (ABL) alcançou um status de astro pop no mundo da filologia e da gramática. Quando ainda tinha saúde para viagens mais longas, o filólogo lotava plateias em suas palestras na Europa e no Brasil, que não raro terminavam com filas para selfies.

A idade acentuou o lado “cientista” e professoral de Bechara, que adota um tom técnico na conversa até mesmo diante das perguntas mais pessoais. — “Qual o seu tipo preferido de leitura?”, — “A minha leitura está dividida em duas partes, a científica e a literária, estabelecendo uma relação de causa e efeito entre elas.”

— responde.

Ainda adolescente, Bechara descobriu a lexicologia. Um “novo mundo” se abriu para o pernambucano, que se mantém atento às metamorfoses do nosso idioma. Seu colega de ABL, o filólogo Ricardo Cavaliere, se lembra de quando deu carona para o mestre e este encucou com os estrangeirismos do aplicativo de navegação instalado no veículo. — “A vozinha do aplicativo avisou que havia um radar de velocidade ‘reportado’ à frente”, lembra Cavaliere. — “Esse ‘reportado’ é uma importação, né?”, notou Bechara.

Disponível em: https://oglobo.globo.com. Acesso em: 3 jan. 2024 (adaptado).

Nesse texto, as falas atribuídas a Evanildo Bechara são representativas da variedade linguística

  1. situacional, pois o contexto exige o uso da linguagem formal.
  2. regional, pois ele traz marcas do falar de seu local de nascimento.
  3. sociocultural, pois sua formação pressupõe o uso de linguagem rebuscada.
  4. geracional, pois ele emprega termos característicos de sua faixa etária.
  5. ocupacional, pois ele faz uso de termos específicos de sua área de atuação.

Resposta: E

Resolução: As falas de Evanildo Bechara refletem o uso de termos técnicos e específicos, característicos de sua área de atuação (filologia e gramática). Portanto, a alternativa correta é a E: "ocupacional, pois ele faz uso de termos específicos de sua área de atuação". A linguagem formal e técnica demonstra a influência de sua formação acadêmica na forma de expressão.

43. (Enem 2024) Um estudo norte-americano analisou os efeitos da pandemia da covid-19 sobre a saúde mental e a manutenção da atividade física, revelando que um fator está diretamente ligado ao outro. De acordo com os dados, famílias de baixa renda foram mais impactadas pelo ciclo vicioso de falta de motivação e pelo sedentarismo. Diante da necessidade de distanciamento social e do início da quarentena, as opções de espaços seguros para exercícios físicos diminuíram, o que dificultou que as pessoas mantivessem seus níveis de atividade. Os dados evidenciaram que as pessoas mais ativas tinham melhor estado de saúde mental. As pessoas com menor renda tiveram mais dificuldade para manter os níveis de atividade física durante a pandemia, sendo aproximadamente duas vezes menos propensas a continuarem no mesmo ritmo de exercícios de antes da pandemia. Habitantes de áreas urbanas mostraram maior probabilidade de não conseguirem manter os níveis de atividade física semelhantes aos de pessoas que vivem em zonas rurais, onde há mais oportunidades de sair para espaços abertos.

Disponível em: https://revistagalileu.globo.com. Acesso em: 6 dez. 2021 (adaptado).

O texto evidencia a perspectiva ampliada de saúde ao abordar criticamente a pandemia da covid-1 9 a partir do(a)

  1. busca por espaços para a prática de exercícios físicos.
  2. necessidade de se manter ativo para ter equilíbrio emocional.
  3. distanciamento social e sua vinculação com a prática de atividades físicas.
  4. relação entre os determinantes socioeconômicos e a prática de exercícios.
  5. benefício de morar em áreas rurais para preservar a estabilidade psicológica.

Resposta: D

Resolução: O texto evidencia que fatores socioeconômicos influenciaram a prática de atividades físicas e, consequentemente, a saúde mental, especialmente durante a pandemia. A alternativa correta é a D: "relação entre os determinantes socioeconômicos e a prática de exercícios". O autor destaca que a situação econômica impactou a capacidade das pessoas de se manterem ativas, influenciando também a saúde mental.

44. (Enem 2024) Até ali que sabia das misérias do mundo? Nada. Aquela noite do Castelo, tão simples, tão monótona, fora uma revelação! Era bem certo que a lágrima existia, que irrompiam soluços de peitos oprimidos, que para alguém os dias não tinham cor nem a noite tinha estrelas! Ela, criada entre beijos, no aroma dos seus jardins, com as vontades satisfeitas, o leito fofo, a mesa delicada, sentira sempre no coração um desejo sem nome, um desejo ou uma saudade absurda, a saudade do céu, como dizia o dr. Gervásio, e que não era mais que a doida aspiração da artista incipiente, que germinava no seu peito fraco.

E aquela mesma mágoa parecia-lhe agora doce e embaladora, comparando-se à outra, a Sancha, da sua idade, negra, feia, suja, levada a pontapés, dormindo sem lençóis em uma esteira, comendo em pé, apressada, os restos parcos e frios de duas velhas, vestida de algodões rotos, curvada para um trabalho sem descanso nem paga!

Por quê? Que direito teriam uns a todas as primícias e regalos da vida, se havia outros que nem por uma nesga viam a felicidade?

ALMEIDA, J. L. A falência. Disponível em: www.dominiopublico. gov.br. Acesso em: 28 dez. 2023.

Nesse fragmento do romance de Júlia Lopes de Almeida, escrito no cenário brasileiro pós-abolição, a narradora exprime um olhar crítico sobre a

  1. desvalorização da arte produzida por mulheres.
  2. mudança das condições de moradia do povo negro.
  3. ruptura do projeto político de emancipação feminina.
  4. exploração da força de trabalho da população negra.
  5. disputa de poder entre brancos e negros no século XIX.

Resposta: D

Resolução: No trecho do romance de Júlia Lopes de Almeida, o olhar crítico se volta para as diferenças sociais, destacando a exploração da força de trabalho da população negra, mesmo após a abolição. A alternativa correta é a D: "exploração da força de trabalho da população negra". A comparação entre as condições de vida de diferentes personagens revela a desigualdade e a injustiça social.

45. (Enem 2024) Sempre passo nervoso quando leio minha crônica neste jornal e percebo que escapuliu a palavra “coisa” em alguma frase. Acontece que “coisa” está entre as coisas mais deliciosas do mundo.

O primeiro banho da minha filha foi embalado pela minha voz dizendo, ao fundo, “cuidado, ela ainda é uma coisinha tão pequena”. “Viu só que amor? Nunca vi coisa assim”. O amor que não dá conta de explicação é “a coisa” em seu esplendor e excelência. “Alguma coisa acontece no meu coração” é a frase mais bonita que alguém já disse sobre São Paulo. E quando Caetano, citado aqui pela terceira vez pra defender a dimensão poética da coisa, diz “coisa linda”, nós sabemos que nenhuma palavra definiria de forma mais profunda e literária o quão bela e amada uma coisa pode ser.

“Coisar” é verbo de quem está com pressa ou tem lapsos de memória. É pra quando “mexe qualquer coisa dentro doida”. E que coisa magnífica poder se expressar tal qual Caetano Veloso. Agora chega, porque “esse papo já tá qualquer coisa” e eu já tô “pra lá de Marrakech”.

TATI BERNARDI. Disponível em: www1.folha.uol.com.br. Acesso em: 3 jan. 2024 (adaptado).

O recurso utilizado na progressão textual para garantir a unidade temática dessa crônica é a

  1. intertextualidade, marcada pela citação de versos de letras de canções.
  2. metalinguagem, marcada pela referência à escrita de crônicas pela autora.
  3. reiteração, marcada pela repetição de uma determinada palavra e de seus cognatos.
  4. conexão, marcada pela presença dos conectores lógico “quando” e “porque” entre orações.
  5. pronominalização, marcada pela retomada de “minha filha” e “um namorado ruim” pelos pronomes “ela” e “lo”.

Resposta: C

Resolução: A unidade temática da crônica de Tati Bernardi é garantida pela repetição da palavra “coisa” e de seus cognatos. Esse recurso linguístico é chamado de "reiteração", pois a palavra "coisa" é repetida com variações ao longo do texto para construir a ideia central. A alternativa correta é a C: "reiteração, marcada pela repetição de uma determinada palavra e de seus cognatos".

Clique Para Compartilhar Esta Página Nas Redes Sociais



Você acredita que o gabarito esteja incorreto? Avisa aí 😰| Email ou WhatsApp

Publicidade 😃