Unicamp 2021-1: Sociologia
Primeira Fase - Prova de Exatas e Tecnológicas/Humanas e Artes
1. (Unicamp 2021) As feridas da discriminação racial se exibem ao mais superficial olhar sobre a realidade social do país. Até 1950, a discriminação em empregos era uma prática corrente, sancionada pelas práticas sociais do país. Em geral, os anúncios de vagas de trabalho eram publicados com a explícita advertência: “não se aceitam pessoas de cor.” Mesmo após a Lei Afonso Arinos, de 1951, proibindo categoricamente a discriminação racial, tudo continuou na mesma. Depois da lei, os anúncios se tornaram mais sofisticados que antes, e passaram a requerer: “pessoas de boa aparência”. Basta substituir “pessoas de boa aparência” por “branco” para se obter a verdadeira significação do eufemismo.
(Adaptado de Abdias do Nascimento, O genocídio do negro brasileiro: processo de um racismo mascarado. São Paulo: Perspectiva, 2018, p. 97.)
A partir do excerto, é correto afirmar:
- Apesar da Lei Afonso Arinos de 1951, o racismo que existia há muitos anos no mercado de trabalho brasileiro permaneceu por meio de estratégias camufladas.
- A Lei Afonso Arinos de 1951 possibilitou a eliminação do racismo no mercado de trabalho do mundo da moda, que exigia a boa aparência das pessoas brancas.
- Em 1951, o conceito de “pessoas de boa aparência”, ditado pelo mundo da moda e reproduzido nos anúncios de vagas de trabalho, privilegiava o asseio no vestir.
- O racismo foi eliminado das relações sociais brasileiras somente na década de 1990, com a consolidação do conjunto de leis da democracia racial.
Resposta:
Resolução:
2. (Unicamp 2021) Estátua de Cristóvão Colombo é derrubada em protestos em Saint Paul, Minnesota, Estados Unidos. Policiais armados isolam a estátua.
A partir do registro fotográfico da derrubada da estátua de Cristóvão Colombo em Saint Paul, Minnesota, Estados Unidos, em junho de 2020, e de seus conhecimentos sobre as relações entre presente e passado, assinale a alternativa correta.
- O progresso histórico demonstra que as estátuas do passado perdem os seus significados no presente, justificando sua derrubada dos espaços públicos.
- As estátuas e os monumentos medeiam formas de lembrar o passado e de compreender o presente, e seus significados são sempre suscetíveis a disputas políticas e sociais.
- As estátuas e os monumentos testemunham modos de viver e conceber o mundo no passado, portanto são alheios à ideologia e às disputas políticas.
- As estátuas e os monumentos do passado são veículos neutros em termos ideológicos e políticos, por isso devem ser preservados e protegidos de vandalismo.
Resposta:
Resolução:
3. (Unicamp 2021) Como a maior parte dos franceses, Hamza Esmili, professor de sociologia em uma Universidade parisiense, tem doravante muito tempo para olhar por sua janela. Habitando em Seine-Saint-Denis, periferia de Paris, ele observa a atividade da rua abaixo: o movimento de pessoas é grande e não se respeitam as medidas de confinamento geral impostas pelo governo para combater a pandemia da Covid19. “Há menos gente que habitualmente, mas a rua permanece muito movimentada”, constata Esmili. “O confinamento é um conceito burguês, explica o sociólogo. Ele implica possuir uma casa burguesa na qual se retirar. Isso não corresponde de forma alguma à realidade daqui.”
(Adaptado de https://www.courrierinternational.com/article/vu-dallemagne-les-banlieue s-francaises-grandes-oubliees-du-confinement. Acessado em 02/04/2020.)
Sobre a “casa burguesa” referida no texto, podemos concluir que
- se trata de um conceito e de uma situação aplicados apenas à França.
- o conceito de burguesia aplica-se apenas às classes sociais e não às habitações.
- as habitações burguesas normalmente localizam-se nas periferias e não são sinal de prestígio.
- a habitação é uma das expressões de poder entre as classes sociais.
Resposta:
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