Unesp 2021 - 2ª Fase: Filosofia
2ª Fase - Prova de Conhecimentos Específicos
1. (Unesp 2021) Texto 1
O significado do termo kosmos para os gregos pré-socráticos liga-se diretamente às ideias de ordem, harmonia e mesmo beleza. […] O cosmo é assim o mundo natural, bem como o espaço celeste, enquanto realidade ordenada de acordo com certos princípios racionais. A ideia básica de cosmo é, portanto, a de uma ordenação racional, uma ordem hierárquica, em que certos elementos são mais básicos, e que se constitui de forma determinada, tendo a causalidade como lei principal.
(Danilo Marcondes. Iniciação à história da filosofia, 2010.)
Texto 2
Quando a filosofia, pela mão de Sócrates, “desceu do céu à terra”, na sugestiva expressão de Cícero, o homem passou a ser o centro das indagações dos pensadores gregos. Platão atribui ao mestre a busca obsessiva do ser e do saber humanos.
(João Pedro Mendes. “Considerações sobre humanismo”. Hvmanitas, vol. XLVII, 1995.)
Os textos caracterizam uma mudança importante na história do pensamento filosófico, trazida pela filosofia de Sócrates e que se expressou
- na defesa dos princípios participativos da democracia ateniense.
- na busca pela compreensão do princípio fundamental da natureza.
- no questionamento da vida social e política dos seres humanos.
- na crítica aos prazeres humanos como finalidade da vida.
- no desenvolvimento de uma teoria da causalidade.
2. (Unesp 2021) Texto 1
Só reconhecerei um sistema como empírico ou científico se ele for passível de comprovação pela experiência. Essas considerações sugerem que deve ser tomada como critério de demarcação […] a falseabilidade de um sistema. Em outras palavras, não exigirei que um sistema científico seja suscetível de ser dado como válido, de uma vez por todas, em sentido positivo; exigirei, porém, que sua forma lógica seja tal que se torne possível validá-lo por meio de recurso a provas empíricas, em sentido negativo: deve ser possível refutar, pela experiência, um sistema científico empírico.
(Karl Popper. A lógica da pesquisa científica, 2001.)
Texto 2
Imagine um dia em que a humanidade soubesse de tudo. Todos os detalhes do surgimento e da evolução do Universo, da vida e da inteligência fossem conhecidos. E aí, o que fariam os cientistas nesse dia? […] “Essa noção de que existe uma resposta final empobrece o conhecimento em vez de enriquecê-lo”, afirma o físico Marcelo Gleiser. “Porque é justamente o não saber, a ideia de estar sempre buscando, que nutre nossa curiosidade”.
(Salvador Nogueira. “Não há respostas finais na ciência, diz Marcelo Gleiser”. www.folha.uol.com.br, 11.08.2014.)
De acordo com os textos, para assegurar a validade do conhecimento produzido, é necessário que a ciência
- valorize os aspectos culturais presentes nos experimentos.
- divulgue e defenda o conhecimento e a sabedoria absolutos obtidos com a investigação.
- relacione os dados sensíveis e intuitivos identificados nos experimentos.
- duvide e verifique continuamente os resultados obtidos.
- recorra ao senso comum no processo metódico de investigação.
3. (Unesp 2021) O tema do mal, em Hannah Arendt, não tem como pano de fundo a malignidade, a perversão ou o pecado humano. A novidade da sua reflexão reside justamente em evidenciar que os seres humanos podem realizar ações inimagináveis, do ponto de vista da destruição e da morte, sem qualquer motivação maligna. O pano de fundo do exame da questão, em Arendt, é o processo de naturalização da sociedade ocorrido na contemporaneidade. O mal é abordado, desse modo, na perspectiva ético-política e não na visão moral ou religiosa. O mal banal caracteriza-se pela ausência do pensamento. Essa ausência provoca a privação de responsabilidade. O praticante do mal banal não se interroga sobre o sentido da sua ação ou dos acontecimentos ao seu redor
(Odílio Alves Aguiar. “Violência e banalidade do mal”. www.revistacult.uol.com.br, 14.03.2010. Adaptado.)
Depreende-se do texto que a banalidade do mal na contemporaneidade resulta, segundo Hannah Arendt
- da carência de formação religiosa.
- da irreflexão institucionalizada.
- da ausência de pacto regulador.
- da voracidade dos interesses econômicos.
- da perversidade humana.