Unesp 2021 - 2ª Fase: Geografia
2ª Fase - Prova de Conhecimentos Específicos
1. (Unesp 2021) Quando se consideram para análise os lugares onde realizamos atividades corriqueiras, banais, do dia a dia, com os quais temos intimidade, as zonas de sombra do objeto não se revelam com facilidade, porque a própria evidência do aparente seduz tanto que obscurece nossa leitura, nosso entendimento do que está oculto, daquilo que é da mais profunda essência do objeto. Na sociedade urbanizada, os lugares onde se realizam as trocas de mercadorias parecem, hoje, especialmente afeitos a refletir luzes que, embora não ceguem, podem impedir-nos de ver com clareza do que realmente se trata.
(Silvana Maria Pintaudi. “O consumo do espaço de consumo”. In: Márcio Piñon de Oliveira et al (orgs.). O Brasil, a América Latina e o mundo, 2008.)
As intencionalidades dos objetos e os espaços de consumo tratados no excerto se relacionam, dentre outros fatores, com
- a reprodução do capital e as estratégias de controle do mercado.
- a acumulação de bens de produção e a revolução tecnológica nas indústrias.
- a redistribuição de renda e a aplicação de técnicas do geomarketing.
- o artifício da obsolescência programada e a função social da propriedade.
- o superávit das balanças comerciais e as políticas de compartilhamento de produtos
2. (Unesp 2021) Analise o quadro, que apresenta assuntos debatidos em determinada organização internacional.
(Kazuo Nakano e Vanessa Marx. www.diplomatique.org.br, 05.04.2009. Adaptado.)
Os oito itens listados no quadro são pautas históricas
- do Tribunal de Haia, que é constituído por uma rede de voluntários organizada para fiscalizar os interesses de ONGs globais.
- da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico, que compõe um foro de análises sobre políticas governamentais.
- do Fórum Social Mundial, cujos fundamentos sociais e políticos consistem em reivindicar outro modelo de globalização.
- da Organização das Nações Unidas, cujos objetivos englobam a criação de leis internacionais.
- do Fórum Econômico Mundial, que defende o combate ao subdesenvolvimento por meio de reformas socioambientais amplas.
3. (Unesp 2021) A revolução das telecomunicações, iniciada no Brasil dos anos 70, foi um marco no processo de reticulação do território. Novos recortes espaciais, estruturados a partir de forças centrípetas e centrífugas, decorriam de uma nova ordem, de uma divisão territorial do trabalho em processo de realização. Do telégrafo ao telefone e ao telex, do fax e do computador ao satélite, à fibra óptica e à internet, o desenvolvimento das telecomunicações participou vigorosamente do jogo entre separação material das atividades e unificação organizacional dos comandos.
(Milton Santos e María Laura Silveira. O Brasil, 2006.)
No Brasil, a revolução das telecomunicações possibilitou
- o avanço de indicadores sociais, uma vez que facilitou o contato entre pessoas que habitam regiões remotas.
- o anonimato em mensagens eletrônicas, ainda que informações pessoais alimentem bancos de dados de empresas privadas.
- a participação das cidades na globalização, o que uniformizou as possibilidades de apropriação dos espaços pelo capital.
- a desconcentração industrial paulista, embora os centros corporativos estratégicos tenham permanecido centralizados.
- o rompimento do paradigma técnico-científico-informacional, o que contribuiu para democratizar a troca de mensagens entre as pessoas.
4. (Unesp 2021) O crescimento horizontal, conceito demográfico importante para a compreensão do processo de formação da população brasileira, caracteriza-se
- pela manutenção no território de povos dele originários, especificamente comunidades indígenas estabelecidas antes do século XVI.
- pelo saldo positivo na participação de imigrantes na população, sobretudo de portugueses entre os séculos XVI e XX.
- pelo espraiamento na base da pirâmide etária nacional, fato que possibilitou a ocupação e a posse territorial entre os séculos XVI e XVIII.
- pela ampliação da longevidade, que aumentou em números absolutos a densidade demográfica nacional no século XX.
- pela disparidade entre as taxas de natalidade e de mortalidade, condição que contribuiu para o bônus demográfico no século XX.
5. (Unesp 2021) Examine os blocos-diagramas.
(IBGE. Manual técnico da vegetação brasileira, 2012.)
Esses blocos-diagramas apresentam fisionomias
- da campinarana, formação típica da Amazônia.
- da savana, formação típica da região Centro-Oeste.
- da caatinga, formação típica do sertão nordestino.
- da restinga, formação típica das planícies costeiras.
- da pradaria, formação típica dos pampas gaúchos.
6. (Unesp 2021) Métodos sinóticos, estatísticos e físicos são comumente empregados para
- realizar a previsão do tempo, cuja precisão relaciona-se com o período de tempo desejado.
- aprimorar os modelos de intervenção urbanística, cuja intenção social demanda equipamentos públicos específicos.
- formular o plano diretor, cuja análise demonstra para os gestores as potencialidades de cada espaço.
- elaborar a modelagem do relevo, cuja análise interessa a setores estratégicos de exploração mineral.
- propor novas rotas de cabotagem, cujas informações comerciais subsidiam a tomada de decisão entre países parceiros.
7. (Unesp 2021) No mundo todo, o trato do lixo aparece como um ramo da nova dark economy, um negócio em que empresas agem em simbiose com o crime organizado, as chamadas ecomáfias. Se levarmos em conta que o comércio mundial faz transitar entre os portos cerca de 500 milhões de contêineres por ano, pode-se ter uma ideia da dificuldade de se deter o aumento do tráfico ilegal de lixo. Estima-se que 16% das exportações de lixo pelo porto de Rotterdam sejam ilegais. E nos outros portos europeus, como os de Antuérpia e Hamburgo, a porcentagem de exportações ilegais de lixo deve ser maior, inclusive porque as multas são baixas.
(Luiz César Marques Filho. Capitalismo e colapso ambiental, 2018. Adaptado.)
A exportação de materiais potencialmente tóxicos contraria o estabelecido
- na Convenção de Basileia sobre o controle de movimentos transfronteiriços de resíduos perigosos e seu depósito.
- na Convenção de Genebra sobre o direito humanitário internacional à recuperação e à proteção do meio ambiente.
- no Protocolo de Cartagena sobre a biossegurança no campo da transferência, da manipulação e do uso seguro de resíduos.
- no Acordo de Paris sobre alterações climáticas provocadas pela interferência humana negativa no planeta.
- no Protocolo de Montreal sobre a substituição de substâncias nocivas ao meio ambiente em bens de consumo não duráveis.
8. (Unesp 2021) Examine os mapas e leia o excerto
Essa área da Ásia Central é um lembrete forte do impacto que temos no planeta. Na década de 1960, era o quarto maior corpo de água interior da Terra. Apenas algumas décadas depois, ele quase desapareceu: cobria 68000 quilômetros quadrados em 1960, agora é 85% menor, devido a ações humanas.
(Joe Myers. www.weforum.org, 21.02.2020. Adaptado.) O corpo de água representado no mapa e problematizado no excerto corresponde ao
- Mar Morto, que teve sua capacidade comprometida ao servir, sem custos, os cinturões industriais de seu entorno.
- Mar Morto, que apresentou balanço hídrico negativo e aumento excessivo na salinidade de suas águas.
- Mar de Aral, que teve sua extensão reduzida em resposta à criação, a montante, de reservatórios para hidrelétricas.
- Mar de Aral, que sofreu redução ao longo das últimas décadas pelo desvio de suas águas para a irrigação de cultivos.
- Mar Morto, que perdeu seu volume ao servir de recarga para o aquífero transfronteiriço de maior extensão no continente asiático.
9. (Unesp 2021) Os meios de transporte e comunicação em massa, as mercadorias, casa, alimento e roupa, a produção irresistível da indústria de diversões e informação trazem consigo atitudes e hábitos prescritos, certas reações intelectuais e emocionais que prendem os consumidores mais ou menos agradavelmente aos produtores e, através destes, ao todo. Os produtos doutrinam e manipulam; […] E, ao ficarem esses produtos benéficos à disposição de maior número de indivíduos e de classes sociais, a doutrinação que eles portam deixa de ser publicidade; torna-se um estilo de vida.
(Herbert Marcuse. A ideologia da sociedade industrial: o homem unidimensional, 1973.)
Marcuse critica o modelo de produção da sociedade industrial, que, segundo o texto, se expressa na
- manipulação, pela propaganda, de consumidores e produtores.
- defesa, pela publicidade, de valores masculinos e patriarcais.
- substituição da pureza do artesanato pela ganância da fábrica.
- alienação do trabalhador provocada pelo trabalho fabril.
- imposição cultural de hábitos e atitudes individuais.