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UNICAMP 2024: Linguagens

01. (UNICAMP 2024) ‘Nevou’ no Rio

Em pleno verão, o fenômeno que vem chamando atenção nas ruas do Rio é conhecido como “nevada carioca”, ou apenas “nevou”. Trata-se da mania de descolorir, platinando os cabelos até os fios ficarem completamente brancos, que tomou conta das cabeças dos jovens de Norte a Sul e virou a febre do momento. A onda começou às vésperas do Natal, ganhou força no réveillon e entrou em janeiro lotando os salões. Nascida nas comunidades e nos subúrbios, a tendência ultrapassou fronteiras geográficas e sociais da cidade, principalmente depois de ganhar as redes e de ter conquistado artistas e atletas. Cabeleireiros e donos de salão apostam que o modismo resiste com força até os dias de folia.

(Adaptado de: https://oglobo.globo.com/rio/noticia/2023/01/nevou-no-rio-mania-de- -descolorir-o-cabelo-ate-ficar-quase-branco-vira-moda-entre-os-cariocas.ghtml. Acesso em 22/06/2023.)

No texto, o verbo nevar apresenta sentido

  1. literal e é sinônimo de descolorir.
  2. figurado e quer dizer embranquecer.
  3. metafórico e é antônimo de escurecer.
  4. metonímico e significa cabelos brancos

Resolução: No contexto do texto, o termo "nevou" está sendo utilizado de maneira figurada e se refere ao ato de descolorir o cabelo até ficar quase branco. Não se trata do verbo nevar em seu sentido literal, mas sim de uma expressão figurada que faz alusão à ação de tornar os cabelos brancos, associando-se à prática de descoloração dos fios para atingir esse efeito.

02. (UNICAMP 2024) Assinale a alternativa em que todas as palavras listadas têm um mesmo referente dentro do texto.

  1. fenômeno – onda – tendência – modismo
  2. mania – onda – febre – força
  3. fenômeno – momento – mania – febre
  4. modismo – tendência – força – momento

Resolução: A opção correta é a opção A: "fenômeno – onda – tendência – modismo". Todas as palavras se referem à mesma ideia: a tendência ou moda de descolorir os cabelos até que fiquem brancos, descrita como uma "nevada carioca" ou "nevou" no texto. Essas palavras são utilizadas para descrever o fenômeno da descoloração dos cabelos que se tornou uma tendência popular entre os jovens.

03. (UNICAMP 2024) Texto 1

Vivemos no limiar de uma transição, em que a automação ocupará cada vez mais espaços na sociedade. Neste novo cenário, há um componente atuando com desenvoltura entre nós. Suas ações e decisões, invisíveis e muitas vezes autônomas, estão cada vez mais presentes no dia a dia da vida contemporânea. Seu comportamento, no entanto, é opaco e pouco compreendido. Trata-se dos algoritmos. São eles que, muitas vezes, decidem se você é contratado ou demitido, se você vai ter acesso a um benefício social, se seu visto de imigração vai ser concedido ou negado, quais notícias você vai ver nas redes sociais, qual o melhor trajeto do trabalho para casa ou qual o parceiro mais apropriado para um relacionamento.

(Adaptado de: MENDONÇA, R.F.; FIGUEIRAS, F.; ALMEIDA, V. Algoritmos controlam sociedade e tomam decisões de vida ou morte. Folha de S. Paulo, 7 abr. 2021.)

Texto 2 (Quadrinhos com o personagem laranja e amarelo, que representa um algoritmo, da série criada por André Dahmer.

Disponível em: https://diplomatique.org.br/novas-tirinhas- -de-andre-dahmer-transformam-algoritmo-em-personagem-intrometido/. Acesso em 28/07/2023.)

A partir do texto 1, é possível afirmar que o texto 2 explora o fato de que os algoritmos

  1. definem o que é melhor ou mais apropriado para cada pessoa.
  2. são opacos porque aleatoriamente expõem às pessoas produtos para compra.
  3. se servem dos nossos dados para nos oferecer continuamente produtos a serem consumidos.
  4. controlam a vida humana para aperfeiçoar as nossas tomadas de decisão

Resolução: O Texto 1 menciona que os algoritmos estão cada vez mais presentes no cotidiano e tomam decisões que impactam a vida das pessoas. Já o Texto 2, representado por uma série de quadrinhos, apresenta um personagem que é um algoritmo.

Considerando a relação entre os dois textos, a exploração no Texto 2 em relação aos algoritmos é mais alinhada com a afirmação de que os algoritmos:

A opção correta é a opção C: "se servem dos nossos dados para nos oferecer continuamente produtos a serem consumidos". O texto explora a ideia de que os algoritmos utilizam informações pessoais (nossos dados) para oferecer produtos de consumo de forma constante, adaptando-se aos interesses e comportamentos individuais.

04. (UNICAMP 2024) O anúncio (Texto 1) reproduzido a seguir foi postado nas redes sociais da Portela, escola de samba carioca, para divulgar uma festa literária. A escola, que traz a águia como símbolo em todos os seus desfiles (Texto 2), completou 100 anos em 2023.

Texto 1

Texto 2

Considerando a imagem no texto 2, podemos afirmar que o texto 1 promove uma

  1. fusão entre o símbolo da escola e o produto da expressão literária, que aparece materializado no desenho das asas da águia.
  2. relação entre a festa literária, mencionada em segundo plano, e o desenho do símbolo da escola, que passa a personificar a literatura.
  3. associação das asas da águia com o título atribuído à festa literária, que mostra o nome da escola antecedido pelo prefixo fli.
  4. ressignificação do símbolo da Portela, cujo desenho faz referência direta à arte literária, para destacar o centenário da escola como tema da festa.

Resolução: Considerando a imagem no texto 2, podemos afirmar que o texto 1 promove uma fusão entre o símbolo da escola e o produto da expressão literária, que aparece materializado no desenho das asas da águia.

05. (UNICAMP 2024) O texto a seguir é um trecho da canção Pantanal, que foi tema de abertura da novela com o mesmo nome, exibida originalmente pela TV Manchete em 1990 e regravada pela TV Globo em 2022.

Lendas de raças, cidades perdidas nas selvas do coração do Brasil.

Contam os índios de deuses que descem do espaço no coração do Brasil.

Redescobrindo as Américas quinhentos anos depois, Lutar com unhas e dentes pra termos direito a um depois.

Fim do milênio, resgate da vida, do sonho, do bem.

A terra é tão verde e azul.

Os filhos dos filhos dos filhos dos nossos filhos verão.

(Pantanal, letra de Marcus Viana, gravada pelo grupo Sagrado Coração da Terra na coletânea em LP Sagrado – Farol da Liberdade, lançada em 1991 pelo selo Sonhos & Sons.)

Nesse trecho da canção, podemos identificar

  1. repetição de advérbios que indicam as mesmas circunstâncias de tempo e de lugar, para produzir um efeito de redundância a respeito da luta pela terra.
  2. indeterminação de sujeito com verbo na terceira pessoa do plural, para produzir um efeito de incerteza quanto ao papel das futuras gerações.
  3. atribuição de características positivas por meio de substantivos que indicam cores, para produzir um efeito de otimismo na preservação da natureza.
  4. encadeamento sucessivo de termos ligados por preposição, para produzir um efeito de continuidade temporal quanto à condição do planeta.

Resolução: No trecho da canção "Pantanal", é possível identificar um encadeamento sucessivo de termos ligados por preposição, criando uma sequência de elementos que expressam uma ideia de continuidade temporal. Por exemplo, a expressão "os filhos dos filhos dos filhos dos nossos filhos verão" evidencia uma conexão temporal entre gerações, destacando a continuidade e a projeção no futuro, transmitindo a ideia de continuidade das consequências das ações no presente ao longo do tempo.

06. (UNICAMP 2024) je ne parle pas bien*

je ne parle pas bien

je ne parle pas bien

je ne parle pas bien

eu tenho uma língua solta

que não me deixa esquecer

que cada palavra minha

é resquício da colonização

cada verbo que aprendi conjugar

foi ensinado com a missão

de me afastar de quem veio antes

nossas escolas não nos ensinam

a dar voos

[...]

reinvenção

nossa revolução surge e urge

das nossas bocas

das falas aprendidas

que são ensinadas

e muitas não compreendidas

salve, a cada gíria

je ne parle pas bien

[...]

o que era pra ser arma de colonizador

está virando revide de ex colonizado

estamos aprendendo as suas línguas

e descolonizando os pensamento

* Je ne parle pas bien, do francês, significa “Eu não falo direito”.

Podemos afirmar que o uso repetido do verso Je ne parle pas

bien no poema slam de Luz Ribeiro

Podemos afirmar que o uso repetido do verso Je ne parle pas bien no poema slam de Luz Ribeiro

  1. expressa a necessidade de repetir muitas vezes uma mesma sentença como forma de resistir ao esquecimento de uma língua.
  2. enfatiza a ideia de que a língua francesa do colonizador ainda não foi aprendida e precisa ser repetida várias vezes.
  3. é uma constatação de que, na posição de ex-colônia, não conseguimos aprender línguas estrangeiras.
  4. indica um posicionamento de resistência por meio de uma crítica à aprendizagem forçada da língua do colonizador

Resolução: A repetição da frase "Je ne parle pas bien" no poema slam de Luz Ribeiro indica um posicionamento de resistência por meio de uma crítica à aprendizagem forçada da língua do colonizador. Essa repetição reflete a dificuldade ou a recusa em se expressar de maneira fluente em uma língua que foi imposta pelo processo de colonização. É uma forma de resistência, reafirmando a individualidade e a identidade cultural, criticando a imposição da língua do colonizador.

07. (UNICAMP 2024) Texto 1

“Que século, meus Deus! – exclamaram os ratos E começaram a roer o edifício”.

(“Edifício Esplendor” (1955), de Carlos Drummond de Andrade, epígrafe do conto “Seminário dos Ratos”, de Lygia Fagundes Telles.)

Texto 2

Epígrafe é um paratexto (um texto que acompanha o texto principal), que pode justificar ou comentar um título ou texto; referenciar a relação entre o autor do texto e o da epígrafe; criar um efeito por meio do qual a presença da epígrafe já evoca a identificação do autor do texto com uma época ou movimento.

(Adaptado de: GENETTE, G. Paratextos Editoriais. Tradução de Álvaro Faleiros. Cotia: Ateliê Editorial, 2009.)

Considerando os textos 1 e 2, assinale a alternativa correta.

  1. A epígrafe associa o conto de Lygia ao “sentimento do mundo” drummondiano.
  2. A epígrafe mostra que os versos de Drummond são imprescindíveis à escrita do conto.
  3. A epígrafe justifica o título do conto e comenta os possíveis sentidos críticos dele.
  4. A epígrafe identifica Lygia à geração de 30 do Modernismo, ao lado de Drummond.

Resolução: A epígrafe do poema "Edifício Esplendor" de Carlos Drummond de Andrade, utilizada por Lygia Fagundes Telles no conto "Seminário dos Ratos", serve não apenas para associar o conto de Lygia ao “sentimento do mundo” drummondiano, mas também para justificar o título do conto e fornecer um comentário sintético sobre o conteúdo do conto. As ações dos ratos no edifício, conforme comentado na epígrafe, refletem o que será narrado na história, onde esses animais agem como agentes na reunião do VII Seminário do governo. A epígrafe contextualiza e introduz o tema principal do conto por meio dos versos do poema de Drummond.

08. (UNICAMP 2024) Leia o trecho da reportagem:

“Mulher espancada após boatos em rede social morre no Guarujá, SP

(...)

A dona de casa Fabiane Maria de Jesus, de 33 anos, morreu na manhã desta segunda-feira (5), dois dias após ter sido espancada por dezenas de moradores do Guarujá, no litoral de São Paulo. Segundo a família, ela foi agredida a partir de um boato gerado por uma página em uma rede social (...)”

(G1, Santos, 05/05/2014. Disponível em: https://g1.globo.com/sp/santos-regiao/noticia/2014/05/mulher-espancada-apos-boatos-em-rede-social-morre-em-guaruja-sp.html. Acessado em 04/07/2023.)

Assinale o trecho de um dos contos a seguir – extraídos de EVARISTO, Conceição. Olhos d’Água. Rio de Janeiro: Pallas; Fundação Biblioteca Nacional, 2016 –, trecho este que relaciona o acontecimento da reportagem ao texto de ficção:

  1. “Os mais velhos, acumulados de tanto sofrimento, olhavam para trás e do passado nada reconheciam no presente. Suas lutas, seu fazer e saber, tudo parecia ter se perdido no tempo (...) Deram de clamar pela morte. E a todo instante eles partiam” (p. 112).
  2. “Vi só lágrimas e lágrimas. Entretanto, ela sorria feliz. Mas eram tantas lágrimas, que eu me perguntei se minha mãe tinha olhos ou rios caudalosos sobre a face. E só então compreendi. Minha mãe trazia, serenamente em si, águas correntezas (...). Águas de Mamãe Oxum!” (p. 18-19).
  3. “Os assaltantes desceram rápido. Maria olhou saudosa e desesperada para o primeiro. (...) Alguém gritou que aquela puta safada lá da frente conhecia os assaltantes (...). A primeira voz, a que acordou a coragem de todos, (...) levantou e se encaminhou em direção à Maria (...)” (p. 41-42).
  4. “Nos últimos tempos na favela, os tiroteios aconteciam com frequência e a qualquer hora. Os componentes dos grupos rivais brigavam para garantir seus espaços e freguesias. Havia ainda o confronto constante com os policiais que invadiam a área” (p. 76).

Resolução: “Os assaltantes desceram rápido. Maria olhou saudosa e desesperada para o primeiro. (...) Alguém gritou que aquela puta safada lá da frente conhecia os assaltantes (...). A primeira voz, a que acordou a coragem de todos, (...) levantou e se encaminhou em direção à Maria (...)” (p. 41-42).

09. (UNICAMP 2024) No início da novela Casa Velha, de Machado de Assis, o cônego da Capela Imperial, um personagem da história, assumindo a voz narrativa dela, conta a seus interlocutores: “– Não desejo ao meu maior inimigo o que me aconteceu no mês de abril de 1839.”

(MACHADO DE ASSIS. Casa Velha. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1986, p. 11.)

De acordo com o texto, o acontecimento desagradável que vitimou o religioso faz com que ele possa ser considerado, ao final da narrativa, como

  1. um boêmio que se sente entediado na presença dos convivas da Casa Velha: “Disseram-me que era amiga da família, e se chamava Mafalda. (...) Creio que disseram ainda outras coisas; mas não me interessando nada, nem a conversação, nem a hóspeda, (...) deixei-me estar comigo” (p. 29-30).
  2. um antiescravista, obrigado a conviver, na mesma casa grande, com senhores, agregados e escravos: “Lalau (...) com as mãos no ombro do moleque, ora fitava os olhos na carapinha deste, ouvindo somente as palavras de Félix; ora erguia- -os para o moço (...)” (p. 67).
  3. um republicano que suporta um velho Coronel de posições conservadoras: “Reverendíssimo, (...) os farrapos invadiram Santa Catarina, entraram na Laguna, e os legais fugiram. Eu, se fosse o governo, mandava fuzilar a todos estes para escarmento...” (p. 89).
  4. um ingênuo que se deixa iludir em suas relações pessoais: “nem por sombras me acudiu que a revelação de Dona Antônia podia não ser verdadeira (...) Não adverti sequer na minha cumplicidade. Em verdade, eu é que proferira as palavras que ela trazia na mente (...)” (p. 89).

Resolução: um ingênuo que se deixa iludir em suas relações pessoais: “nem por sombras me acudiu que a revelação de Dona Antônia podia não ser verdadeira (...) Não adverti sequer na minha cumplicidade. Em verdade, eu é que proferira as palavras que ela trazia na mente (...)” (p. 89).

10. (UNICAMP 2024) “Um deles viu umas contas brancas de rosário, acenou que lhas dessem e divertiu-se muito com elas. Enrolou-as ao pescoço, depois tirou-as e embrulhou-as no braço, e acenava para a terra e depois para as contas, e em seguida para o colar do capitão, dando a entender que eles dariam ouro por aquilo. Isto nós entendíamos assim porque queríamos. Mas se ele queria dizer que levaria as contas e mais o colar, isto nós não queríamos entender, porque não lho daríamos."

(CAMINHA, Pero Vaz de. Carta de Achamento do Brasil. Campinas: Editora da UNICAMP, p. 108, 2001.)

Em seu relato de viagem, Pero Vaz de Caminha

  1. descreve a natureza e as pessoas que os portugueses encontraram no Novo Mundo, inventariando os detalhes da viagem, com vistas à preservação da História Colonial.
  2. descreve e interpreta os fatos, mostrando que a compreensão dos portugueses sobre os povos originários era mediada pelos interesses do colonizador.
  3. descreve como os povos originários do Novo Mundo auxiliaram os colonizadores na prospecção por riquezas, antevendo a realização do projeto colonizador.
  4. descreve e interpreta os fatos, sugerindo que, na visão dos povos originários, era possível a convivência pacífica com o colonizador, já que compartilhavam os mesmos interesses.

Resolução: No texto apresentado, Pero Vaz de Caminha descreve um encontro entre os portugueses e os povos nativos do Novo Mundo. Ele relata um episódio em que um dos nativos viu contas brancas, se interessou por elas e fez gestos que os portugueses interpretaram como um interesse em trocar ouro por essas contas e até pelo colar do capitão. No entanto, os portugueses preferiam interpretar o gesto dos nativos como um interesse em adquirir as contas e o colar, em vez de entender a possibilidade de troca ou negociação.

11. (UNICAMP 2024) Em 1921, Mário de Andrade, escrevendo a série de artigos “Mestres do passado”, publicados no Jornal do Comércio (edição de São Paulo), observou:

"Tarde [de Olavo Bilac] foi uma promessa de anos seguidos. Tais são, tão salientes os artifícios e tão repetidos que muito bem provam o esforço do poeta decaído da poesia e a sua parca inspiração (...).”

(ANDRADE, M. Mestres do passado – Olavo Bilac. In: BRITO, M.S. História do modernismo brasileiro. Antecedentes da Semana de Arte Moderna. 5.ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, p. 288-289, 1978.)

Relacione, ao poema a seguir, o trecho da crítica anterior, assinalando a alternativa que coincide com a ideia geral de Mário sobre a obra de Bilac.

As estrelas

Olavo Bilac

Desenrola-se a sombra no regaço

Da morna tarde, no esmaiado anil;

Dorme, no ofego do calor febril,

A natureza, mole de cansaço.

Vagarosas estrelas! passo a passo,

O aprisco desertando, às mil e às mil,

Vindes do ignoto seio do redil

Num compacto rebanho, e encheis o espaço...

E, enquanto, lentas, sobre a paz terrena,

Vos tresmalhais tremulamente a flux,

– Uma divina música serena

Desce rolando pela vossa luz:

Cuida-se ouvir, ovelhas de ouro: a avena

Do invisível pastor que vos conduz...

(BILAC, Olavo. Tarde. Rio de Janeiro: Livraria Francisco Alves, p. 42-43, 1919.)

Esmaiado: esmaecido, pálido

Aprisco: curral

Redil: curral para o gado ovino ou caprino; rebanho de ovelhas

Tresmalhar: Afastar-se, perder-se do rebanho

Flux: fluxo

Avena: flauta pastoril

  1. O crítico lamenta o espaçamento da criação poética de Bilac, o que se expressa no poema pela imagem das estrelas que se afastam umas das outras.
  2. O crítico elogia os salientes artifícios da linguagem poética de Tarde, o que se pode perceber, por exemplo, pela variedade de sinônimos para a palavra “curral”.
  3. O crítico evoca, como resultado da pouca inspiração artística do poeta, a sobrecarga de investimento formal (os hipérbatos ou inversões, por exemplo).
  4. O crítico associa a poesia de Bilac ao estilo decadentista, o que é reforçado pelas imagens de esgotamento, como se vê nas palavras “morna”, “esmaiado”, “ofego”, “mole”, “lentas”.

Resolução: O crítico evoca, como resultado da pouca inspiração artística do poeta, a sobrecarga de investimento formal (os hipérbatos ou inversões, por exemplo).

12. (UNICAMP 2024) Leia as duas citações a seguir, extraídas do início e do final de O Ateneu:

“Lembramo-nos, entretanto, com saudade hipócrita, dos felizes tempos; como se a mesma incerteza de hoje, sob outro aspecto, não nos houvesse perseguido outrora e não viesse de longe a enfiada das decepções que nos ultrajam. Eufemismo, os felizes tempos, eufemismo apenas, igual aos outros que nos alimentam, a saudade dos dias que correram como melhores.

Bem considerando, a atualidade é a mesma em todas as datas. Feita a compensação dos desejos que variam, das aspirações que se transformam, alentadas perpetuamente do mesmo ardor, sobre a mesma base fantástica de esperanças, a atualidade é uma (...)”.

“Aqui suspendo a crônica das saudades. Saudades verdadeiramente? Puras recordações, saudades talvez, se ponderarmos que o tempo é a ocasião passageira dos fatos, mas sobretudo — o funeral para sempre das horas.”

(POMPEIA, Raul. O Atheneu (Chronica de saudades). Rio de Janeiro: Tipografia de Gazeta de Notícias, p 3-4 e 368, 1888.)

Com base nessas duas citações, é possível afirmar que, ao fim da narrativa de Sérgio sobre sua vida no colégio, o narrador

  1. idealiza a felicidade experimentada na infância, suas aspirações, seu ardor e suas esperanças.
  2. considera que a felicidade passada não era maior que a do presente, pois os tempos são iguais.
  3. duvida da própria saudade, separando as lembranças relativas ao passado daquele sentimento associado a elas.
  4. denuncia a hipocrisia da saudade que sente, por saber que a passagem do tempo é incerta.

Resolução: Com base nas duas citações de "O Ateneu" de Raul Pompeia, é possível perceber que, ao final da narrativa sobre sua vida no colégio, o narrador: duvida da própria saudade, separando as lembranças relativas ao passado daquele sentimento associado a elas.

Essa resposta reflete a reflexão do narrador sobre as memórias passadas, onde ele questiona a verdadeira natureza de suas saudades, sugerindo que as lembranças e a sensação de saudade podem estar separadas, destacando uma incerteza sobre a autenticidade dos sentimentos que ele atribui ao passado.

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