FMJ 2024: Linguagens
01. (FMJ 2024) Examine a tirinha publicada na conta do Instagram “War and Peas” em 12.02.2023.
Na construção de seu sentido, a tirinha mobiliza fundamentalmente o seguinte recurso expressivo:
- eufemismo.
- metalinguagem.
- hipérbole.
- ambiguidade.
- pleonasmo.
Resposta: D
Resolução: Há ambiguidade entre a palavra outono, ora significando estação climática, ora significando o caso do Patriarcado. (Fonte: Objetivo)
Leia a crônica “Fobias”, de Luis Fernando Verissimo, para responder às questões de 02 a 06.
As pessoas que defendem o pastoral e a volta ao primitivo nunca se lembram, nas suas rapsódias à vida rústica, dos insetos. Sempre que ouço alguém descrever, extasiado, as delícias de um acampamento — ah, dormir no chão, fazer fogo com gravetos e ir ao banheiro atrás do arbusto — me espanto um pouco mais com a variedade humana. Somos todos da mesma espécie, mas o que encanta uns horroriza outros. Sou dos horrorizados com a privação deliberada. Muitas gerações contribuíram com seu sacrifício e seu engenho para que eu não precisasse fazer mais nada atrás do arbusto. Me sentiria um ingrato fazendo. E a verdade é que, mesmo para quem não tem os meus preconceitos, as delícias do primitivo nunca são exatamente como as descrevem. Aquela legendária casa à beira de uma praia escondida onde a civilização ainda não chegou, ou chegou mas foi corrida pelo vento, e onde tudo é bom e puro, não existe. E se existe, nunca é bem assim.
— Um paraíso! Não há nem um armazém por perto.
Quer dizer, não há acesso à aspirina, fósforos ou qualquer tipo de leitura salvo, talvez, metade de uma revista “Cigarra” de 1948, deixada pelos últimos ocupantes da casa quando foram carregados pelos mosquitos.
— A gente dorme ouvindo o barulho do mar…
E de animais terrestres e anfíbios tentando entrar na casa para morder o seu pé. E, se morder, você morre. O antibiótico mais próximo fica a 100 quilômetros e está com a data vencida.
Não. Fico na cidade. A máxima concessão que faço à vida natural, no verão, são as bermudas. E, assim mesmo, longas. Muito curtas e já é um começo de volta à selva.
(Luis Fernando Verissimo. O suicida e o computador, 1992.)
02. (FMJ 2024) Em seu texto, o cronista recorre a citações com a intenção de
- endossá-las, favorecendo assim suas críticas à vida urbana.
- endossá-las, embasando assim sua defesa da vida urbana.
- desconstruí-las, embasando assim seus argumentos desfavoráveis à vida urbana.
- ironizá-las, reforçando assim sua posição contrária à vida urbana.
- ironizá-las, reforçando assim sua argumentação favorável à vida urbana.
Resposta: E
Resolução: Após cada citação, como exemplifica a frase “– A gente dorme ouvindo o barulho do mar...”, há um comen - tário do cronista que desconstrói esse sentido enaltecedor. Nesse lugar inóspito, há também animais nocivos que podem matar o turista que está isolado, longe da vida civilizada. Nota-se, portanto, o tom irônico em relação à decantada vida em meio à natureza. (Fonte: OBJETIVO)
03. (FMJ 2024) Ao ironizar a vida rústica, o cronista afasta-se de um tópico explorado reiteradamente pela poesia
- árcade.
- naturalista.
- romântica.
- simbolista.
- barroca.
Resposta: A
Resolução: O cronista rejeita a possibilidade de levar uma vida em meio à natureza. Considera esse tipo de existência incômodo e até mortal. Opõe-se, portanto, à idealização do cenário bucólico, típico da poesia árcade ou neoclássica. Os poetas dessa escola fingiam que eram pastores e viviam com grande tranquilidade amenos idílios numa natureza acolhedora e plácida que propiciava a dignidade e o equilíbrio entre o homem e o meio que o circundava. (Fonte: OBJETIVO)
04. (FMJ 2024) Em “Sou dos horrorizados com a privação deliberada” (1º parágrafo), o termo sublinhado pode ser substituído, sem prejuízo para o sentido do texto, por:
- intencional.
- aleatória.
- arbitrária.
- compulsória.
- dissimulada.
Resposta: A
Resolução: Em "Sou dos horrorizados com a privação deliberada", o termo sublinhado pode ser substituído, sem prejuízo para o sentido do texto, por: intencional.
05. (FMJ 2024) Verifica-se o emprego de palavra formada com prefixo que exprime ideia de anterioridade em:
- “Muitas gerações contribuíram com seu sacrifício” (1º parágrafo).
- “uma praia escondida onde a civilização ainda não chegou” (1º parágrafo).
- “mesmo para quem não tem os meus preconceitos” (1º parágrafo).
- “O antibiótico mais próximo fica a 100 quilômetros” (5º parágrafo).
- “já é um começo de volta à selva” (6º parágrafo).
Resposta: C
Resolução: A palavra preconceito é formada pelo prefixo “pre”, que significa anterior, + conceito, dessa forma referese a qualquer sentimento ou opinião concebidos sem exame crítico, generalização imposta pelo meio. (Fonte: OBJETIVO)
06. (FMJ 2024) “Muitas gerações contribuíram com seu sacrifício e seu engenho para que eu não precisasse fazer mais nada atrás do arbusto.” (1º parágrafo)
Ao se transformar a oração sublinhada em uma oração reduzida, o verbo “precisasse” assume a seguinte forma:
- precisaria.
- precisar.
- precise.
- precisarem.
- precisando.
Resposta: B
Resolução: Oração reduzida é aquela em que o verbo aparece nas formas nominais do gerúndio, do particípio ou do infinitivo. No caso, só cabe o infinitivo: “para eu não precisar fazer mais nada atrás do arbusto”. (Fonte: OBJETIVO)
Leia um trecho do tratado Da maneira de distinguir o bajulador do amigo, do historiador e filósofo grego Plutarco, para responder às questões de 07 a 10.
Quando um homem dá sem cessar, em palavras, provas de amor-próprio, meu caro Antíoco Filopapo, Platão observa que todos o desculpam; mas esse sentimento, acrescenta ele, entre uma pletora de vícios muito diferentes, contém um muito importante que impede que ele tenha sobre si mesmo um julgamento íntegro e imparcial. “Com efeito, o amante é cego a respeito do que ele ama”, a menos que tenha aprendido, por um estudo especial, a habituar-se a apreciar e procurar o belo, de preferência ao inato e ao familiar.
No seio da amizade eis que se abre ao bajulador um vasto campo de ação: nosso amor-próprio é para ele um terreno de acesso inteiramente propício à investigação sobre nós; por causa desse sentimento, cada um de nós é o primeiro e o maior adulador de si próprio, não hesitando em confiar no bajulador estranho de quem espera ter a aprovação para confirmar suas crenças e desejos. Com efeito, aquele que é acusado de gostar da bajulação não passa de um homem perdidamente enamorado de si, que, pela paixão que a si mesmo dedica, deseja e crê possuir todas as qualidades; ora, se o desejo é natural, a crença é, entretanto, arriscada e reclama bastante circunspecção.
Mas, supondo-se que a verdade seja divina e seja, segundo Platão, o princípio “de todos os bens para os deuses e de todos os bens para os homens”, o bajulador está muito arriscado a ser inimigo dos deuses e sobretudo do deus Pítico, pois não deixa de estar em contradição com o “conhece-te a ti mesmo”, iludindo cada um quanto à sua própria pessoa e tornando-o cego, no que diz respeito a si mesmo, e às virtudes e aos vícios que lhe concernem, pois torna as primeiras imperfeitas e inacabadas, os outros, totalmente incuráveis.
(Plutarco. Como tirar proveito de seus inimigos / Da maneira de distinguir o bajulador do amigo, 2011. Adaptado.)
07. (FMJ 2024) De acordo com Plutarco, tendemos a confiar nos bajuladores porque
- estamos também constantemente bajulando os outros.
- desconhecemos, primordialmente, a nós mesmos.
- somos, antes de mais nada, incapazes de reconhecer nossas qualidades.
- somos, antes de tudo, os maiores aduladores de nós mesmos.
- hesitamos, covardemente, em confrontar aqueles que pensam diferente de nós.
Resposta: D
Resolução: De acordo com Plutarco, tendemos a confiar nos bajuladores porque: somos, antes de tudo, os maiores aduladores de nós mesmos.
08. (FMJ 2024) Para Plutarco, o bajulador está em contradição com o “conhece-te a ti mesmo” porque
- desconhece a si mesmo.
- impede que os outros se conheçam.
- conhece apenas a si mesmo.
- conhece apenas os outros.
- impede que os outros o conheçam.
Resposta: B
Resolução: A bajulação impede que a pessoa elogiada se conheça, saiba as suas limitações e defeitos. Torna-se um ser desvanecido, “ no que diz respeito a si mesmo, e às virtudes e aos vícios que lhe concernem”. (Fonte: OBJETIVO)
09. (FMJ 2024) “Quando um homem dá sem cessar, em palavras, provas de amor-próprio, meu caro Antíoco Filopapo, Platão observa que todos o desculpam; mas esse sentimento, acrescenta ele, entre uma pletora de vícios muito diferentes, contém um muito importante que impede que ele tenha sobre si mesmo um julgamento íntegro e imparcial.”
Os referentes dos termos sublinhados nesse trecho são, respectivamente,
- Antíoco Filopapo, Platão e Antíoco Filopapo.
- Antíoco Filopapo, Antíoco Filopapo e Platão.
- Platão, Antíoco Filopapo e homem.
- homem, Platão e Platão.
- homem, Platão e homem.
Resposta: E
Resolução: O pronome pessoal oblíquo “o” refere-se a “homem”, citado anteriormente; o pronome pessoal reto “ele” recupera a fala de “Platão”; o pronome pessoal reto “ele” refere-se a “homem” e faz parte de uma observação de Platão. (Fonte: OBJETIVO)
10. (FMJ 2024) “‘Com efeito, o amante é cego a respeito do que ele ama’, a menos que tenha aprendido, por um estudo especial, a habituar-se a apreciar e procurar o belo, de preferência ao inato e ao familiar.”
Em relação ao trecho que o antecede, o trecho sublinhado expressa ideia de
- consequência.
- comparação.
- conclusão.
- condição.
- causa.
Resposta: D
Resolução: O trecho sublinhado expressa a ideia de condição. Ele estabelece uma condição para que o amante não seja cego em relação ao que ama, indicando que essa cegueira pode ser superada se o amante aprender, por meio de um estudo especial, a apreciar e procurar o belo, preferencialmente ao inato e ao familiar.